O deputado do PSD na Assembleia da Madeira Carlos Rodrigues declarou hoje que o Governo nacional, depois de quatro anos a inviabilizar as propostas da região, está a “recuar de maneira desesperada” devido à realização de eleições em 2019.
“O PS percebeu que há eleições para o ano. Esteve quatro anos a deitar pedra em tudo o que são os desejos dos madeirenses. Havendo eleições, recua de maneira desesperada”, disse o parlamentar social-democrata madeirense.
Os deputados da Assembleia Legislativa da Madeira reiniciaram hoje os trabalhos parlamentares depois de um interregno de mais de 60 dias, apreciando na generalidade um projeto de resolução da autoria da bancada da maioria do PSD a “exigir que o Governo da República assuma, em conjunto com o Governo Regional, a linha de transporte marítimo de passageiros entre a Madeira e o continente durante todo o ano”.
Carlos Rodrigues referiu a “atitude desagradável da ministra do Mar”, que foi contra este projeto, ao opinar que “a continuidade territorial está assegurada pelo transporte aéreo”.
Por isso, o executivo madeirense teve de “tomar a iniciativa, contando apenas com verbas do Orçamento Regional”, e concedeu aquela ligação marítima, através de um concurso, à Empresa de Navegação Madeirense (ENM), num investimento de três milhões de euros.
A ligação iniciou-se no verão e vai repetir-se nos próximos dois anos, apenas nos meses de julho a setembro e é assegurada por um navio da empresa espanhola Naviera Armas.
“Mas agora há um recuo do PS” e, face ao sucesso, da ligação “estão obrigados a recuar”, sublinhou.
O líder parlamentar do PS, Victor Freitas, argumentou que o PSD volta a usar “a tática de ataque ao Governo da República” também nesta matéria, apontando que, “se não há subsídio de mobilidade, é porque o Governo Regional interrompeu as negociações com a República”.
O responsável da bancada do JPP, Élvio Sousa, considerou que neste processo “não há inocentes” nos governos nacional e regional, existindo “conflitos de interesses”.
Por seu turno, o deputado do BE Roberto Almada, opinou que “Governo Regional [da Madeira] tudo fez para que a operação ferry fosse um fracasso”, tendo montado “uma farsa de concurso público” e um caderno de encargo que tornou a “operação inviável”.
“A adjudicação à ENM foi feita à medida”, opinou, apontando que foi elaborada para “não beliscar os transportes de contentores da mesma empresa”.
No seu entender, “a operação do ferry foi um sucesso e deve haver ligação todo o ano”, sustentou Roberto Almada.
Para a deputada do PTP, Raquel Coelho, este processo é uma “desavergonhice do PS”, enquanto o parlamentar do CDS afirmou que “o caminho que não está devidamente explicado”.
Na intervenção política, no período de antes da ordem dia, o deputado do CDS Rui declarou temer que esta última sessão legislativa “seja mais marcada pela palavra propaganda do que pela utilidade”.
O parlamentar centrista insular criticou a “tentativa de aproveitamento vergonhosa” que PSD e PS fizeram do processo da construção do novo hospital, considerando que tornaram a situação “num mero jogo infantil”.
Rui Barreto declarou que o partido assume o compromisso de, nesta sessão, “tornar úteis estes meses que faltam para as eleições”, “apresentar propostas válidas” e “deixar os eleitoralismos e a propaganda fora da porta do parlamento” da Madeira.
O início da atual legislatura ficou marcado pela estreia do secretário-geral do PSD, Rui Abreu, na bancada parlamentar do partido maioritário, na qual também entraram Paulo Freitas e Francisco Nunes.
Estas alterações implicaram a saída de Carolina Silva, José Gonçalves e Marco Gonçalves.
LUSA