O deputado do PSD/Madeira Adolfo Brazão afirmou hoje que o partido da maioria na Assembleia Legislativa desta região irá adotar "uma conduta de colaboração e cumplicidade democrática" com todos os partidos com assento no parlamento madeirense.
"É com todo o afinco que o partido que aqui represento irá prosseguir uma conduta de colaboração e cumplicidade democrática com todos os que aqui também, por direito próprio, se sentam", declarou o parlamentar social-democrata madeirense, discursando na sessão comemorativa do 25 de Abril.
Depois de quase uma década, esta efeméride voltou a ser comemorada na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) com a intervenção de todas as forças políticas representadas. Também pela primeira vez esta celebração contou com a presença de todos os elementos Governo Regional, chefiado por Miguel Albuquerque, que substituiu a Alberto João Jardim, o qual governou a região desde 1978.
"Hoje estamos aqui para afirmar a democracia", disse Adolfo Brazão, sustentando que "é chegado o tempo do civismo e da interação, o tempo do fim da animosidade, tantas vezes aqui presente que tão pouco tem contribuído para o prestígio desta ilustre casa [Assembleia da Madeira]".
"Demorou mas chegou", declarou o deputado e líder do CDS/PP-M, José Manuel Rodrigues, argumentando, contudo, que "não basta proclamar que se iniciou um novo ciclo na Madeira", pois, no seu entender, a Madeira ainda "está longe da anunciada normalidade democrática".
Para este parlamentar centrista insular, que "os três ‘dês’ de esperança de Abril de 1974 estão hoje substituídos por três perigosos ‘dês’: dívida, desemprego e desigualdade".
Quanto ao deputado do Juntos Pelo Povo [partido que se estreia na ALM], Carlos Costa, vincou que a realidade na Madeira é "dramática e dura", apontando, entre outros aspetos, que a austeridade e o programa de ajustamento da região assumem "contornos dramáticos com consequências imprevisíveis", pelo que defendeu a criação de um Fundo de Emergência Social.
Por seu turno, o líder parlamentar do PS/M, Carlos Pereira considerou que hoje "é um dia bom, um dia em que o povo [da Madeira] recuperou o direito de celebrar a vida com liberdade, tolerância e respeito", podendo ter "orgulho no parlamento da sua região, porque cumpriu o seu papel de guardião da democracia".
Para o deputado socialista insular há ainda "tanta coisa para mudar", pois "a anormalidade continua a ser uma regra e alternância democrática continua por concretizar", apontando que o PS/M vai "manter a desconfiança moderada nos democratas de estação", pois o PSD tem "um longo caminho para demonstrar que nada será como dantes".
Sílvia Vasconcelos, da CDU, salientou que se assiste a um "rasto de destruição" das grandes conquistas de abril, sublinhando "as políticas de austeridade têm sido geradoras de falências de empresas, de insolvências, penalizando o investimento no setor produtivo e destruindo o tecido económico regional" e que "não foi para isto que se fez abril".
O deputado do BE Roberto Almada, partido que regressou ao parlamento, saudou o facto do 25 de Abril voltar a ser celebrado na ALM, admitindo "não acreditar na primavera miguelista [Miguel Albuquerque]", pois, recordou, quando este foi presidente do município do Funchal, "imponha a lei da rolha" em algumas comemorações em relação aos partidos da oposição.
Dionísio Andrade (PND) também opinou que a Madeira está a viver uma "primavera miguelista" [alusão ao novo presidente Miguel Albuquerque], acrescentando que esse "perfume" enfrenta graves problemas económicos e sociais, onde assume destaque a dívida pública, "monstruosa e impagável", desafiando o novo executivo a fazer uma auditoria independente às contas da região.
O deputado único do PTP, José Manuel Coelho, declarou que se "ouve por aí que a Madeira está a respirar Abril pela primeira vez, mas os ventos que correm estão mais para primavera marcelista".