Um grupo de moradores na freguesia do Monte, uma zona afetada pelos incêndios de agosto no Funchal, entregou hoje no município um abaixo-assinado reivindicando uma avaliação técnica da segurança daquele local face à perigosidade da época das chuvas.
"A questão que nos traz aqui hoje com um abaixo-assinado com 150 assinaturas é de segurança da nossa zona de habitação, pois fomos afetados pelo fogo posto, em agosto, e o que nos inquieta, neste momento, é o facto de nada ter sido feito à relação à limpeza dos terrenos", disse Tatiana Freitas, a porta-voz do grupo de moradores no sítio dos Poços.
O grupo pediu à Câmara Municipal do Funchal "uma avaliação da zona – se é de risco" -, tendo em conta a proximidade da época das chuvas
"O pior de tudo é que a nossa zona de habitação fica abaixo, num vale, e por cima estão os armazéns de uma empresa que no 20 de fevereiro já nos colocaram em perigo. Tivemos de ser retirados", sustentou.
Tatiana Freitas sublinhou que naquele local continuam a existir "entulhos, árvores, tudo o que ameaça cair para cima das habitações".
"Infelizmente não obtivemos resposta da câmara em relação à limpeza daquele espaço ou da avaliação técnica, se é uma zona de risco ou não", reforçou.
A deputada municipal do PCP no Funchal Herlanda Amado, que marcou presença na iniciativa juntamente com outros dirigentes do partido, salientou que o pedido de avaliação da perigosidade daquele sítio, onde residem cerca de 40 famílias, foi feito há quase dois meses, pelo que a demora na resposta é "inaceitável".
"Da parte quer do Governo, quer da autarquia, houve um assumir de compromissos de que tudo isto seria muito rápido, muito célere", declarou.
Para a eleita, este é um "caso concreto de que muito há por fazer", pelo que apelou às pessoas que estejam em situações idênticas para que sigam o exemplo dos moradores do sítio dos Poços e pressionem a câmara para avaliar o risco das respetivas localidades.
O vereador da câmara do Funchal Miguel Gouveia, em declarações aos jornalistas, considerou "legítima a preocupação" dos residentes, informando que todas as situações que foram identificadas "com algum índice de perigosidade pelas juntas de freguesia" já estão a ser intervencionadas.
"Foi submetido o pedido à Assembleia Municipal, em agosto, e a próxima reunião é no final desta semana (dia 30) e serão esclarecidos e as respostas serão dadas", adiantou.
Miguel Gouveia vincou que, "em primeira vista, e não tendo sido uma das zonas identificadas pelas juntas de freguesia como as que levantavam maior perigosidade", esta não será uma zona que levanta preocupações.
Ainda assim, os serviços "irão ao local validar as preocupações das populações".
O município já enviou dezenas de notificações a privados para intervirem nas propriedades, para garantir a segurança pública, disse o vereador, mencionando a falta de colaboração de moradores em duas zonas que estão a ser intervencionadas (Tornos e Cabeço do Lombo, na freguesia do Monte).
Nestes casos, têm-se recusado a "afastar das habitações em zonas de risco, durante o dia, para que decorram as obras", provocando a suspensão dos trabalhos, indicou.
Os incêndios que fustigaram a Madeira na segunda semana de agosto provocaram três mortos e centenas de desalojados, e destruíram 233 habitações, provocando prejuízos materiais de 157 milhões de euros.
C/Lusa