O Tribunal de Recursos da Polícia anulou a conclusão de um painel disciplinar que há um ano tinha decretado a demissão dos antigos agentes da Polícia Metropolitana Jonathan Clapham e Sam Franks, devido a um incidente registado em julho de 2020.
Na altura, o painel considerou que os agentes tinham mentido ao justificar a busca e detenção dos dois atletas negros com o facto de terem cheirado ‘cannabis’.
Hoje, o tribunal de recurso considerou que essa conclusão foi “irracional” e “inconsistente” e decidiu que os dois agentes devem ser reintegrados e receber os salários retroativamente.
Há quatro anos, Bianca Williams e o companheiro português Ricardo dos Santos queixaram-se de discriminação racial por parte de um grupo de agentes da polícia em 04 de julho de 2020.
O casal regressava a casa, em Londres, com o filho de três meses no banco de trás, quando a polícia seguiu o carro e os mandou parar à porta de casa.
Os atletas foram algemados e revistados por suspeita de posse de drogas e armas, mas nada foi encontrado.
Williams filmou o incidente e o vídeo foi amplamente partilhado nas redes sociais, mostrando-a visivelmente angustiada por ter sido separada do seu bebé.
Hoje, o presidente do tribunal de recurso, Damien Moore, afirmou que Clapham e Franks eram “agentes dedicados, trabalhadores e muito respeitados”, cuja reputação tinha sido “arruinada” pelas conclusões iniciais.
Outros três agentes envolvidos na operação já tinham sido ilibados.
Após a decisão do recurso, Dos Santos divulgou um comunicado expressando a desilusão e manifestou a intenção de contestar o resultado nos tribunais civis.
“O nosso regresso a casa depois do treino em 2020, com o nosso bebé, nunca se deveria ter transformado num incidente violento em que fomos injustamente acusados de cheirar a drogas”, afirmou.
“Somos atletas profissionais e orgulhamo-nos de não consumir drogas. As ações e alegações dos agentes foram completamente inaceitáveis”, acrescentou.
A Federação da Polícia Metropolitana, que representa os agentes, considerou que “a justiça foi feita”.
O subcomissário adjunto Jon Savell reconheceu “o impacto que este caso teve em todos os envolvidos” e lembrou que a polícia pediu desculpa ao casal “pelo sofrimento causado durante este incidente”.
Lusa