O alerta foi dado em Caracas pelo dirigente associativo Alberto Viveiros e pelo conselheiro Fernando Campos, hoje distinguidos com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, pela dedicação à comunidade lusa local e apoio à embaixada de Portugal em Caracas.
“Tem havido apoios (…) da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Nos últimos anos, tem sido feito um trabalho que merece que se aplauda, mas falta muito mais”, disse Alberto Viveiros, presidente da Associação de Luso-descendentes da Venezuela.
Viveiros sublinhou que “falta concretizar mais apoios”, acrescentando. “Temos que de alguma maneira poder chegar mais longe e que os apoios sejam mais rápidos porque as pessoas precisam deles ‘para agora’ [para já], não para quando já não estão, depois que morreram”.
“E, tem acontecido casos de pedidos para uma pessoa que precisa de medicamentos e outras coisas, e quando o medicamento chega essa pessoa já não está [viva]. Faz falta mais empenho, mais dinâmica e mais rapidez para os apoios sociais”, alertou.
Segundo Viveiros, “a comunidade que de verdade precisa de apoio, fecha-se em casa”, isola-se, e como exemplo refere que junto com o adido social da embaixada de Portugal em Caracas, Gonçalo Capitão, deu a volta à Venezuela, fez mais de 13 mil quilómetros em viatura a perguntar onde havia um português.
“As pessoas nos diziam naquela casinha acolá, vive um senhor [português], pobre, com a mulher e a filha. E quando chegávamos e dizíamos que éramos da embaixada de Portugal eles não acreditavam, suspeitavam que íamos enganá-los (…) e depois essas pessoas vivendo dessa maneira buscavam pôr uma mesa com qualquer coisa e nós não íamos lá em busca de nada”, frisou o dirigente associativo.
Em relação ao reconhecimento, agradeceu à Secretaria do Estado e prometeu “não parar de trabalhar”.
“Só falta que a promessa de lá [Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas] seja que vão continuar a apoiar-nos”, sublinhou.
O outro agraciado, o conselheiro Fernando Campos, aproveitou a oportunidade para alertar que a “comunidade portuguesa na Venezuela continua a necessitar de apoios”, que se lembrem dela e “continuem a olhar [por ela] e a procurar aquela comunidade mais escondida, mas mais esquecida”.
“Porque realmente o país atravessa momentos muito difíceis, de crise social, económica e os portugueses que estão na Venezuela não estão isentos dessas situações. As mesmas coisas que afetam o povo venezuelano afetam também a comunidade portuguesa”, frisou.
O conselheiro agradeceu “profundamente a condecoração com a Medalha de Mérito”, mas, em nome dos portugueses, “continua a lançar um apelo ao Estado português que continue a enviar apoios, a estar atento” à comunidade, “em temas tão importantes como a saúde, o bem-estar e a situação económica”.
“A comunidade portuguesa da Venezuela às vezes é vista como uma comunidade estável, social e economicamente bem, mas essa lamentavelmente é a comunidade que mais se vê. Aquela que não se vê, realmente está em situação paupérrima”, disse à Lusa.
Segundo Fernando Campos, muitas vezes há “a tendência a ver aqueles eventos sociais em que a comunidade participa com todo o mérito”, mas não se veem os “irmãos compatriotas que estão em situação mais delicada”.
“Não se deixem levar só pelas aparências, porque a situação continua difícil e complicada”, sublinhou o conselheiro.
O conselheiro das comunidades na Venezuela Fernando Campos e o dirigente associativo Alberto Viveiros foram distinguidos com a Medalha de Mérito das Comunidades Portuguesas, pela dedicação à comunidade lusa local e apoio à embaixada de Portugal em Caracas.
A entrega das medalhas teve lugar durante uma receção na residência oficial do embaixador de Portugal em Caracas, Carlos de Sousa Amaro.