De acordo com o último relatório da Organização Mundial de Turismo (OMT), o turismo internacional, face aos efeitos da crise sanitária, cresceu entre janeiro de março 182% (quase três vezes mais) em relação ao mesmo período do ano passado, com 117 milhões de chegadas contra 41 milhões no primeiro trimestre de 2021.
Mesmo assim, ainda é 61% inferior aos dados registados antes da pandemia de covid-19.
O Indicador de Confiança da OMT mostra que, pela primeira vez desde o início da pandemia, o índice voltou aos níveis de 2019, com maior otimismo sobre a evolução do setor.
Os especialistas consultados em todo o mundo pela organização com sede em Madrid alertam, no entanto, para "uma forte explosão na procura", sobretudo nas viagens entre países do continente europeu e nos movimentos entre os Estados Unidos e a Europa.
A OMT revê em alta as previsões para 2022 e calcula que as entradas de turistas internacionais vão situar-se entre os 55% e os 77%, em relação aos níveis de 2019.
Os números definitivos vão depender da evolução referente às restrições de viagens, à situação provocada pela invasão da Rússia da Ucrânia, o surgimento de novas variantes do novo coronavírus e as condições económicas a nível global, em particular a inflação e os preços da energia.
No caso da Europa, o crescimento aumentou 280% (quase quatro vezes mais), uma recuperação ajudada sobretudo pelo crescimento das procuras entre regionais, apesar de ainda estarem 43% a baixo dos valores antes do início da pandemia de SARS CoV-2.
No continente americano, as chegadas internacionais duplicaram em relação ao primeiro trimestre de 2021 mas continuam a ser 46% inferiores em relação a 2019.
O Médio Oriente e África, com aumentos de 32% e de 96%, respetivamente, entre janeiro e março de 2021, cresceram mas os valores situam-se ainda a 60% a baixo dos valores ocorridos antes de 2019.
No caso da Ásia e Pacífico, onde ainda muitos destinos se mantêm fechados ao trânsito de estrangeiros, alcançaram um aumento de 64% em 2021 mas ficaram 93% a baixo dos números de 2019.
As sub-regiões das Caraíbas e Europa Mediterrânica mostram as taxas de crescimento mais elevadas tendo as entradas de turistas internacionais registado um aumento de 75% dos volumes antes do início da crise sanitária.
A OMT acredita que a recuperação vai continuar ao longo do ano dado que em muitos destinos estão a ser eliminadas as restrições e porque se verifica uma grande procura.
Apesar do otimismo demonstrado pela OMT, os efeitos da guerra na Ucrânia estão a diminuir o fluxo de viagens para o leste da Europa.
O atual conflito provocado pela invasão do território da Ucrânia pela Rússia tem como efeitos o aumento do preço do petróleo, subida da inflação e rutura nas cadeias de abastecimento globais que provocam a subida dos preços dos transportes e dos alojamentos turísticos.
O barómetro diz também mostrar que os lucros referentes às exportações turísticas somaram 713.000 milhões de dólares (665.000 milhões de euros), 04% mais do que em 2020 mas 61% menos do que em 2019.
O mesmo relatório indica também que o gasto médio por viagem aumentou dos mil dólares (933 euros) em 2019, até aos 1.400 dólares (1.306 euros) em 2021.
Lusa