Numa carta, a que a Lusa teve acesso, os pilotos voltaram a contestar este processo, que envolve 35 profissionais, referindo que os “fundamentos são ilegais, incompreensíveis e sem justificação”.
“Apelamos a todos os pilotos que, enquanto pairar esta ameaça de despedimento coletivo, não realizem voos em folga e férias e não aceitem qualquer atividade que não esteja planeada. Não contribuam para despedir os vossos colegas”, salienta o SPAC.
“A TAP entende que não precisa desses 35 pilotos para realizar a operação. Porém, o que se verifica é que a TAP, apesar de ter um número de pilotos que considera excessivo, recorre ao trabalho em férias e folgas para resolver os problemas de planeamento”, diz o sindicato.
O SPAC alerta que “os pilotos estão a realizar um enorme sacrifício para coletivamente manterem os postos de trabalho” que, garante, “serão necessários no futuro”.
“Estão em risco 35 postos de trabalho ocupados por pilotos que merecem a nossa solidariedade. Neste momento, importa demonstrar à TAP que os seus problemas não se resolvem despedindo mais 35 pilotos e que os mesmos são essenciais à operação”, salienta a estrutura sindical.
Segundo o sindicato, “este despedimento coletivo, ilegal e injusto pode ser travado, pelo que não devem ser os pilotos a justificar o despedimento destes 35 colegas de profissão”, referindo que “é preciso demonstrar à TAP que os pilotos já fizeram todos os sacrifícios ajustados à situação que vivemos”.
O SPAC acredita que “ameaçar despedir 35 pilotos tem por objetivo que os mesmos aceitem sair da TAP para serem contratados pela PGA [Portugália] e não porque exista uma verdadeira exigência para a viabilidade da empresa”.
O processo de despedimento coletivo de 124 colaboradores iniciado a 07 de julho pela TAP abrange 35 pilotos, 28 tripulantes de cabina, 38 trabalhadores da manutenção e engenharia e 23 funcionários da sede, segundo uma mensagem enviada pela administração aos trabalhadores.
Na mensagem interna, a que a agência Lusa teve acesso, a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, destacou que este número representa "uma redução de menos 94% face ao número inicial previsto e exigido pelo plano" de reestruturação da companhia, que ascendia a 2.000 trabalhadores, tendo essa redução sido conseguida através da adesão a medidas voluntárias, como acordos temporários de emergência com os sindicatos, rescisões por mútuo acordo e integrações na Portugália.
Segundo referiu, tal permitiu que "o número de trabalhadores elegível para rescisão unilateral fosse reduzido para 124", assim distribuídos pelos principais grupos profissionais da TAP: 35 pilotos (face ao número inicial de 458), 28 tripulantes de cabina, contra os inicialmente previstos 747, 38 trabalhadores da ME [Manutenção e Engenharia] Portugal (relativamente ao número inicial de 450) e 23 trabalhadores da sede (face aos iniciais 300).