O Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria da Madeira acusou hoje o Governo Regional de "estar a voltar as costas" aos cerca de 5.000 trabalhadores do setor e de estar "conivente" com o patronato.
"O objetivo desta iniciativa é porque, infelizmente, o patronado da hotelaria e o Governo Regional obrigam-nos, uma vez mais, a irmos para a rua lutar pela defesa do contrato coletivo de trabalho do setor e por aumentos salariais", disse o dirigente sindical Adolfo Freitas, numa iniciativa realizada em frente à Quinta Vigia, a presidência do executivo madeirense, no Funchal.
Nesta ação, os trabalhadores da hotelaria entregaram documentos em várias línguas às pessoas que passavam, expondo a sua situação laboral.
"Infelizmente, o governo parece estar aliado e conivente com as entidades patronais e recusa-se a aumentar também os salários dos trabalhadores", sublinhou o dirigente sindical.
Adolfo Freitas argumentou que com esta posição o executivo madeirense não cumpre a lei que criou e fez aprovar no parlamento da Madeira, a qual determina que "numa situação de impasse nas negociações o governo intervém administrativamente, fixando o aumento salarial para o setor em causa".
O sindicalista salientou que o setor hoteleiro madeirense "cada vez mais bate recordes atrás de recordes, com aumentos de entrada de turistas, de receitas e de lucros, mas para os trabalhadores o que tem aumentado são os sacrifícios".
No entender do sindicato, "o Governo Regional está a voltar as costas a 5.000 trabalhadores que trabalham diretamente no setor da hotelaria".
Adolfo Freitas sustentou que "face à situação e posição do patronato e da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) em não querer negociar aumentos salariais sem que os trabalhadores percam direitos, a única esperança que têm é na intervenção administrativa".
Adolfo Freitas recordou que, a 25 de maio, o sindicato entregou ao presidente do executivo madeirense, o social-democrata Miguel Albuquerque, um documento com cerca de 3.000 assinaturas recolhidas nas empresas e nas ruas, incluindo de "muitos turistas que foram solidários com a luta dos trabalhadores", solicitando uma intervenção administrativa neste assunto, devido ao impasse nas negociações do contrato coletivo de trabalho.
O sindicalista referiu que o presidente do Governo Regional informou ter reencaminhado o assunto para a secretária com a tutela do Trabalho, Rubina Leal, que, entretanto, pediu exoneração do cargo por ser candidata à presidência da Câmara Municipal do Funchal.
"Mas, até hoje, não temos qualquer informação relativamente à recolha das assinaturas", disse.
Também lembrou que a 10 de agosto o sindicato entregou uma decisão do plenário realizado no dia anterior, solicitando ao Governo Regional a intervenção administrativa, "dando um prazo até final de agosto".
Segundo o responsável sindical, a ACIF que representa o patronato do setor "só quer aumentar salários (3%) se retirar direitos" e "alterar o contrato coletivo de trabalho para pior".
Esta estrutura sindical representativa dos trabalhadores da hotelaria vai distribuir comunicados hoje e quinta-feira junto à Quinta Vigia e, na quarta-feira e na sexta-feira, a residentes e turistas em frente à secretaria do Turismo da Madeira.
"Só queremos uma resposta às iniciativas de maio e agosto", vincou Adolfo Freitas, realçando que "o setor está a atravessar um momento de grande saúde, as empresas nunca ganharam tanto dinheiro e os trabalhadores necessitam ter aumentos salariais", o que constitui uma forma de cativar pessoas para ingressar na hotelaria.
O dirigente sindical garantiu que "se o governo não intervier vai engrossar a luta até ao final do ano".
LUSA