Em 2021, surgiram mais de 300 mil hectares de plantações na Colômbia, Peru e Bolívia, os três países onde se concentram mais campos de coca, alertou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), com sede em Viena, na Áustria.
Depois de colhidas, as folhas de coca são preparadas com químicos e misturadas com gasolina, cal, cimento e sulfato de amónio para obter uma pasta branca.
Esta pasta é então enriquecida em laboratório com uma mistura de ácidos e solventes para se tornar cocaína.
Em 2020, a produção de cocaína já tinha alcançado mais de 2.000 toneladas, o que já representava um recorde, segundo o relatório.
Após as interrupções temporárias causadas pela pandemia de covid-19, a oferta global “continuou a expandir-se com muita força”, adiantou a ONU que explica que, além do desenvolvimento da cultura, foram também conseguidas “melhorias no processo de transformação” das folhas em cocaína.
Paralelamente, a organização tem observado “um aumento contínuo” da procura de cocaína ao longo da última década – evidenciado por um volume de apreensões sem precedentes (quase 2.000 toneladas em 2021).
A procura continua concentrada entre as populações mais ricas do continente americano e de várias regiões da Europa.
“Esta ‘explosão’ tem de nos colocar em alerta”, defendeu o diretor do UNODC, Ghada Waly, citado no comunicado.
A África Central e Ocidental também estão a desempenhar um papel cada vez mais importante enquanto zonas de trânsito e a Turquia e a Grécia registam cada vez mais cocaína de passagem pelos seus territórios.
Por outro lado, o uso de ‘crack’ – um derivado fumável e altamente viciante da cocaína conhecido como “droga dos pobres” – passou a ser muito usado no Reino Unido, mas as estatísticas mostram “aumentos acentuados” nas admissões para tratamento de abstinência na Bélgica, França e em Espanha.
No relatório observa-se ainda o impacto da guerra na Ucrânia nas rotas de drogas, concluindo ser “provável que grupos criminosos estrangeiros”, que anteriormente utilizavam portos ucranianos para evitar controlos na Europa Ocidental, estejam a deslocar “as suas atividades para outros portos do Mar Negro, como a Roménia ou a Bulgária”.