“Hoje mesmo estou assinando medidas para reorganizar as estruturas do Poder Executivo, de modo que voltem a permitir o funcionamento do governo de maneira racional, republicana e democrática”, afirmou Lula da Silva.
“Para resgatar o papel das instituições do estado, bancos públicos e empresas estatais no desenvolvimento do país. Para planejar os investimentos públicos e privados na direção de um crescimento econômico sustentável, ambientalmente e socialmente”, completou o governante.
O novo Presidente brasileiro anunciou que os bancos públicos, especialmente o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo.
“Ao mesmo tempo, vamos impulsionar as pequenas e médias empresas, potencialmente as maiores geradoras de emprego e rendimento, o empreendedorismo, o cooperativismo e a economia criativa”, defendeu o governante acrescentando que “a roda da economia vai voltar a girar e o consumo popular terá papel central neste processo.”
Citando medidas já adotadas nos seus dois governos anteriores (2003 a 2010), Lula da Silva disse que retomará a política de valorização permanente do salário mínimo e que acabará com a demora na atribuiçao de pensões de reforma.
“Vamos dialogar, de forma tripartite – governo, centrais sindicais e empresariais – sobre uma nova legislação trabalhista. Garantir a liberdade de empreender, ao lado da proteção social, é um grande desafio nos tempos de hoje”, prometeu.
No discurso, Lula da Silva frisou que o Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo e afirmou que não faz sentido o país importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites.
“Temos capacitação técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo. O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global”, afirmou.
O governante defendeu que o seu Governo articulará a transição digital através de uma política industrial que apoie a inovação, estimule a cooperação público-privada, fortalecendo a ciência e a tecnologia e garanta acesso a financiamentos com custos adequados.
“O futuro pertencerá a quem investir na indústria do conhecimento, que será objeto de uma estratégia nacional, planejada em diálogo com o setor produtivo, centros de pesquisa e universidades, junto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, os bancos públicos, estatais e agências de fomento à pesquisa”, concluiu.
Lula da Silva tomou hoje posse como 39.º Presidente da República Federativa do Brasil, com um mandato que vai até 31 de dezembro de 2026.
Depois da posse, o novo Presidente do Brasil seguirá para o Palácio do Planalto, devendo subir a rampa e discursar no Parlatório que fica em frente à Praça dos Três Poderes para um público de até 40 mil pessoas, limite autorizado pela segurança.
Os organizadores estimaram que pelo menos 300 mil pessoas estão em Brasília para a posse do líder progressista num evento que conta com um festival de música.
Lula da Silva irá ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, para acolher uma receção fechada ao público com vários convidados de mais de 65 delegações estrangeiras, entre os quais chefes de Estado, vice-presidentes, chefes da diplomacia, enviados especiais e representantes de organismos internacionais.
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e o antigo primeiro-ministro e amigo pessoal de Lula da Silva, José Sócrates, marcarão presença nas celebrações.
Também os presidentes de Angola, João Lourenço; de Timor-Leste, José Ramos-Horta; de Cabo Verde, José Maria Neves; da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, deverão marcar presença.
Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) é o primeiro chefe de Estado a ter três mandatos na história recente do Brasil. Candidato seis vezes à Presidência da República do Brasil, foi o primeiro líder operário a chegar ao posto mais importante do comando político do país.