"A Venezuela converteu-se, para os exportadores ‘nica’ (nicaraguenses), num mercado problemático desde que o Governo dos EUA incluiu (em outubro de 2017) a PDVSA (petrolífera estatal) na listagem de sancionados", refere o diário nicaraguense La Prensa.
Citando dados a que teve acesso, o jornal explica que nos primeiros 18 dias de 2018 o Centro de Trâmites de Exportações "não registou nem um quilograma de produto exportado para esse mercado, que até há uns anos se tinha posicionado como o segundo mercado em importância para os exportadores".
"No ano passado, em similar período, a Nicarágua já tinha conseguido ingressos (receitas) de 5,48 milhões de dólares pelo envio de 2,53 milhões de quilogramas de produtos", adianta, precisando que entre 01 e 18 de janeiro daquele ano os nicaraguenses exportaram para a Venezuela carne de bovino, têxteis, produtos manufaturados e leite.
Em outubro de 2017, foi suspenso o envio de café a Caracas.
Segundo o diário, a Nicarágua tem importantes relações comerciais com os EUA e também com a América Central e a Coreia do Sul.
Roberto Brenes, perito em comércio externo, esclareceu que as exportações da Nicarágua eram feitas através da empresa Albanisa, detida maioritariamente pela petrolífera estatal venezuelana (PDVSA), pelo que poderá ser criado um esquema de exportações sem ligações à PDVSA.
"Têm que abrir-se novos canais de exportação direta (para a Venezuela) porque, caso contrário, haverá muito temor (da parte dos exportadores) de incorrer em algo que não está permitido neste momento devido às sanções dos EUA", precisou.
Segundo Roberto Brenes, "o problema é que o esquema de obtenção de cooperação financeira que o Presidente designado pelo poder eleitoral (da Nicarágua), Daniel Ortega, estabeleceu com a Venezuela e cujos fundos são administrados sem nenhuma fiscalização pública, está estritamente ligado ao comércio, porque parte da dívida que se tem gerado é paga com produtos".
"A Venezuela, agora, não é um mercado fácil para exportar. É um mercado que representa grandes desafios, mas vale a pena mantê-lo, porque eventualmente as coisas têm que mudar de uma ou de outra forma", frisou.
Em 2017, a Nicarágua exportou 116,85 milhões de dólares, um número inferior aos 437,69 milhões de dólares registados em 2012, quando o comércio bilateral alcançou o ponto mais alto.
C/ LUSA