A NAV – Navegação Aérea de Portugal admitiu ontem, no Funchal, avançar com a instalação de equipamentos para avaliar a variação dos ventos no Aeroporto Internacional Cristiano Ronaldo, que este ano já afetaram mais de 700 voos.
"São equipamentos para detetar ventos que ainda não provaram a sua eficácia real, mas temos autorização para avançar com os investimentos no próximo ano", disse José Matos, um dos três representantes da NAV, juntamente com Carlos Jesus e Rui Neves, que foram ouvidos na Comissão de Economia, Finanças e Turismo da Assembleia Legislativa da Madeira.
A audição sobre a "Avaliação da Operacionalidade do Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo" levou também ao parlamento madeirense o presidente da Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo, Sérgio Capela, bem como o representante na Madeira, Miguel Correia, e surge na sequência do impacto cada vez mais frequente dos ventos na operação aeroportuária.
"A NAV [empresa responsável pela gestão do espaço aéreo português] fará todos os investimentos que estiverem ao seu alcance se os mesmos vierem a contribuir para a segurança da operação", afirmou José Matos, vincando que nos últimos anos foi registado um aumento médio da intensidade do vento na área do Aeroporto da Madeira, localizado no concelho de Santa Cruz.
A infraestrutura é a única do país em que os limites de vento, fixados em 1964, são mandatórios e não recomendados, embora a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) tenha já encomendado um estudo para avaliar a possibilidade de alterar a situação.
"O objetivo final é tentar perceber se os limites estão corretos e se fazem ainda sentido, ou se é preciso alterá-los, seja para mais ou para menos", esclareceu José Matos, sublinhando, no entanto, que, embora a economia da região dependa em grande parte do transporte aéreo, "acima de tudo está a segurança da operação".
Por outro lado, os membros da Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo informaram os deputados que, nos últimos dois anos, 300 aeronaves reportaram condições estáveis na aproximação à pista, embora ali os ventos estivessem acima dos limites, sendo que 20% concluíram a aterragem.
"Se calhar, os valores atuais precisam de ser revistos, mas mais do que isso não podemos dizer", afirmou Sérgio Capela, admitindo, no entanto, que o Aeroporto da Madeira é um "caso excecional" no que toca aos fenómenos do vento ao nível da pista.
LUSA