“Relativamente ao conflito militar, nós não estamos a sentir cancelamentos”, disse à agência Lusa o secretário regional do Turismo e Cultura, Eduardo Jesus. E esclareceu: “Sentimos, numa primeira fase, o abrandamento nas reservas, mas sempre a crescer, o que não prejudica o desempenho do setor”.
O governante sublinhou que várias unidades hoteleiras já estão “completamente vendidas” para o período da Páscoa e indicou que as previsões apontam para uma taxa média de ocupação superior a 85%.
“Os três principais países que vão operar a Madeira em abril de 2022 são Portugal, com mais de 103.000 lugares, o Reino Unido com 43.000 lugares e a Alemanha com 30.000 lugares”, disse, referindo que os números espelham a “consolidação da recuperação” do setor, iniciada no segundo semestre de 2021, após a quebra registada devido à pandemia de covid-19.
De acordo com os dados da Secretaria do Turismo e Cultura, 85 rotas vão operar para o Aeroporto Internacional da Madeira no mês de abril, envolvendo 33 companhias, 1.177 frequências (mais 28% do que em 2019) e 218.300 lugares nos aviões (mais 39%), com ligação a 46 aeroportos em 21 países (mais dois do que em 2019).
“A Páscoa é, sem dúvida alguma, um momento em que a Madeira vai ter uma procura bastante grande”, disse Eduardo Jesus, reforçando: “As perspetivas que temos são estas, são animadoras, são perspetivas que nos levam a acreditar na consolidação da recuperação”.
O governante reconhece que o facto de a Madeira estar geograficamente distante do conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia contribui para a sua afirmação como “destino seguro”, mas adianta que as autoridades não se empolgam em tirar proveito dessa circunstância.
“A Madeira é um destino seguro por si”, disse.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia em 24 de fevereiro motivou a suspensão imediata dos voos diretos entre a Madeira e as capitais daqueles países – Moscovo e Kiev –, que deveriam trazer à região cerca de 14.000 turistas até outubro, mas o mercado do leste europeu continua a ser uma aposta.
“São países que nos interessam bastante”, disse Eduardo Jesus, adiantando que em 2021 cerca de 8% do turismo foi oriundo dos países do Báltico e da Europa de Leste.
O conflito militar motivou um abrandamento nas reservas também desses mercados, mas não se registaram ainda cancelamentos.
Por outro lado, os indicadores do setor referem que os turistas que procuravam os países da Europa central e de leste estão agora a procurar destinos na Europa ocidental.
“Significa que há uma visão de que a Península Ibérica e respetivas ilhas poderão beneficiar da deslocação deste fluxo turístico, procurando mais distância do conflito”, disse Eduardo Jesus.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 925 mortos e 1.496 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.