Em declarações à Lusa, Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, destacou “na primeira metade do ano a grande preponderância de investimento em duas classes de ativos que nunca foram tão populares que são a hotelaria e a logística" e que representaram "quase 90% de todo o investimento institucional em imobiliário”.
De acordo com o mesmo responsável, no primeiro semestre houve um volume de investimento superior a 600 milhões de euros, mas em julho e agosto estes valores “quase que duplicaram e regista-se 1,2 mil milhões de euros de investimento concluído em 2022”.
Eric van Leuven referiu ainda que, tendo em conta os negócios anunciados, há mais cerca de 1,5 mil milhões de euros de investimento na calha até ao final do ano, totalizando 2,7 mil milhões de euros.
“O mercado português tem-se portado muito bem nestes últimos seis meses contrariamente a outros mercados europeus que claramente se ressentiram da guerra, da incerteza, do aumento dos custos e da taxa de juro, que não deixa de ser muito importante no imobiliário”, sublinhou, avisando, no entanto, que esta situação pode alterar-se.
Para 2023, o diretor-geral da consultora admitiu que está “um bocadinho mais apreensivo”.
“Acho que vai haver uma retração no mercado imobiliário em termos de volume e sobretudo de valores. Neste momento os investidores não sabem muito bem onde está o ‘chão’ dos preços. Num investimento de qualidade é mais difícil determinar onde está o preço e, por isso, acredito que vá haver um abrandamento em 2023, sobretudo na primeira metade, mas isso é a minha visão”, ressalvou, acrescentando que “depende muito da crise energética ou da guerra na Ucrânia”, entre outros fatores.
Mas para já, destacou, “há muito investimento à vista” que a empresa está convencida “que se vai concretizar”, e ainda não assistiu “a situações como outros colegas em outros países em que os investidores retraem as propostas” ou reduzem preços.
Quanto à área residencial, Eric van Leuven disse que “há tanta falta de casas que não será por falta de procura que entrará em crise”.
“Podem eventualmente estar a fazer-se casas que não sejam acessíveis para os portugueses e que dependem muito da compra por estrangeiros”, ressalvou, assinalando que estes continuam a escolher Portugal para viver.
Eric van Leuven reconheceu que existe um problema “para a população local”, mas que “não é por falta de interesse de promotores e construtores para fazer casas para essas faixas”, apontando problemas de licenciamento, impostos e outros obstáculos, que encarecem os projetos.
“É um problema que tem de ser resolvido a nível político”, rematou.