O número ainda é provisório, mas, a confirmar-se, é o valor mais alto desde de novembro de 1992 – há quase 30 anos. A estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta para uma inflação de 9,1% em julho, mantendo a tendência de subida.
Se os impactos na carteira dos portugueses já se sentem agora, daqui para a frente podem sentir-se ainda mais. No início de 2023, vários preços serão atualizados anualmente com base na inflação média ou homóloga.
É o caso, por exemplo, das rendas: se subirem acima dos 5%, como se prevê, uma prestação de 700 euros pode ficar 35 euros mais cara; numa renda de 850, seriam mais 43 euros por mês; e quem paga 1000 teria que gastar mais 50 euros.
Também em janeiro é atualizado preço das portagens. Esse cálculo tem por base a inflação de outubro. Se fosse a de julho subiria mais de 9%. Aumentos previstos ainda nos transportes públicos.
A verdade é que tudo isto também depende da ação política. O Governo tem prometido mais apoios e estará até a preparar um novo pacote de medidas anti-inflação. Se assim for, poderá ser menor o impacto nas família – não só das subidas nos transportes, mas também nos bens alimentares e na energia.
Porém, não é só do lado dos preços que a inflação pesa. Entra também no cálculo do valor a pagar em prestações sociais, como subsídio de doença e de desemprego, na atribuição do abono de família e até no direito à isenção de taxas moderadoras.
2023 poderá ser o ano em que haverá uma subida histórica nas pensões – não por decisão política, mas por causa da atualização automática que depende da inflação e do crescimento económico.