De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita fontes financeiras, alguns dos principais bancos dos Estados Unidos da América (EUA), como o JPMorgan Chase e o Citigroup, avisaram o Presidente de que a retirada da Rússia deste sistema financeiro por onde passa a esmagadora maioria das transações bancárias internacionais, transmitindo 42 milhões de mensagens por dia, pode ter implicações contraproducentes.
Entre os efeitos negativos estão um aumento da inflação, a facilitação da aproximação da Rússia à China e o bloqueio de informação no Ocidente sobre as transações financeiras russas, além da possibilidade de encorajar a criação de um sistema alternativo que pode eventualmente prejudicar a supremacia do dólar no sistema financeiro internacional.
Segundo a Bloomberg, o governo norte-americano não descarta essa possibilidade, mas não está seriamente a ponderar tirar a Rússia da SWIFT, uma vez que isso isolaria completamente o país, incluindo as trocas energéticas que são permitidas ao abrigo das sanções atuais, e poderia ter mais ramificações, podendo causar uma crise energética na Europa e ameaçando o rendimento de muitos cidadãos russos.
A Sociedade para a Telecomunicação Financeira Interbancária Global (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication – SWIFT), com sede em Bruxelas, foi criada em 1973, juntando 239 bancos de 15 países, e evoluiu para "uma infraestrutura financeira global que está presente em todos os continentes, em mais de 200 países e territórios, e serve mais de 11 mil instituições em todo o mundo", segundo a informação oficial, e é encarada como o garante de pagamento de todas as trocas feitas entre empresas e países a nível internacional.
Os democratas e os republicanos na comissão das Relações Externas do Senado apresentaram duas iniciativas sobre as possíveis sanções, mas a proposta dos republicanos não fala na SWIFT, ao contrário da dos democratas, que autoriza o presidente a usar este sistema como uma das sanções possíveis.
Até agora, apenas um país, o Irão, em 2012, foi excluído, uma iniciativa que fez parte das medidas contra o seu programa nuclear.
O Presidente ucraniano apelou hoje à Alemanha e à Hungria para terem "a coragem" de aprovar a exclusão da Rússia da SWIFT, uma medida analisada pela UE em reação à invasão russa da Ucrânia, mas que está a encontrar algumas reticências por parte de Berlim e Budapeste.
"Quase todos os países da UE se pronunciaram já pela exclusão da Rússia da SWIFT", afirmou Zelensky numa mensagem de vídeo, na qual acrescentou: "Espero que a Alemanha e a Hungria encontrem coragem para apoiar esta decisão".
Na apresentação de um pacote de sanções à Rússia, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, detalhou que o alvo das sanções pessoais contra Putin é a “riqueza considerável” que o chefe de Estado russo controla diretamente e esconde através de intermediários.
"Canadá, Reino Unido e outros países acreditam que a Rússia deve ser excluída do sistema SWIFT e essas discussões continuam com os aliados europeus", frisou.
Em França, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, anunciou na sexta-feira o congelamento de todos os bens de figuras políticas e económicas russas visadas pelas sanções.
"A nível nacional, pedi que recenseassem a integralidade de bens em França de personalidades políticas e económicas que tenham sido visadas pelas sanções. Vamos bloquear o acesso de todas estas personalidades aos seus bens em solo francês", declarou o ministro.
Quanto à exclusão do sistema SWIFT da Rússia, medida ainda não aplicada pela União Europeia, o ministro francês disse que houve reservas por parte de "alguns" Estados-membros", embora continue a ser uma opção.
"Falta a questão do SWIFT. É arma nuclear financeira, já que é o que permite o acesso das intuições financeiras russas a todos os estabelecimentos financeiros no mundo. Tivemos esta manhã [sexta-feira] uma discussão e dizemos que todas as opções estão na mesa, mas é preciso refletir antes de o fazer. Alguns Estados-membros mostraram algumas reservas e França não faz parte desses Estados", revelou o ministro ao ser questionado pelos jornalistas.