A Deco alertou hoje os consumidores para a necessidade de compararem os preços da eletricidade no mercado livre e terem atenção às várias componentes da fatura, que podem fazer subir o valor a pagar.
Em resposta à Lusa sobre a atualização de preços que começou a ser comunicada aos clientes pela EDP Comercial (mercado livre), a jurista da Deco Carolina Gouveia explicou que os valores de descida anunciados publicamente dizem respeito ao mercado regulado e que a maior parte dos consumidores estão já no mercado livre, onde os preços podem subir.
“É preciso distinguir o mercado regulado, que vai ter uma descida de preços, que foi anunciada, e onde as tarifas são totalmente reguladas pela ERSE (entidade reguladora), do mercado livre, onde os comercializadores têm a liberdade para estabelecer os preços”, explicou.
Questionada sobre os valores que estão a ser comunicados aos clientes do mercado livre pela EDP Comercial – que apontam para ligeiras reduções nos consumos e, nalguns casos, para aumentos no valor a pagar pela potência contratada que podem chegar aos 35%, a especialista alertou: “É preciso ter atenção às várias componentes da fatura e comparar para ver o que é mais adaptado a cada caso”.
“A descida que pode ser sentida no mercado livre diz respeito apenas à tarifa de acesso às redes, que é uma pequena componente do que se paga no final”, afirmou carolina Gouveia, sublinhando: “Os comercializadores no mercado livre têm liberdade para definir os preços e as empresas podem estar a alterar os preços para cima, em vez de ser para baixo”.
Para uma potência contratada simples (3,45 Kva), a EDP Comercial comunicou aos consumidores alterações que podem fazer subir até aos 35% a partir de janeiro o valor a pagar por dia. Esta variação é substancialmente superior à redução comunicada para o consumo (energia simples), outro dos itens da fatura paga pelo consumidor.
“Neste caso, os consumidores que queiram fazer a avaliação da sua fatura e da tarifa adequada devem fazer uma simulação, usando para isso os simuladores da Deco, da ERSE (Entidade Reguladora) ou da ADENE – Agência para a Energia”, aconselha Carolina Gouveia.
“Com a fatura na mão, e vendo o consumo, os consumidores colocam os dados e procuram qual o comercializador com as tarifas mais adequadas para si e com o valor mais baixo”, acrescentou a especialista, lembrando ainda que, a partir de janeiro, os comercializadores do mercado livre vão poder disponibilizar um tarifário diferente, equiparado ao do mercado regulado.
“Não é obrigatório ter este tarifário, é uma possibilidade, mas se o consumidor perguntar ao seu comercializador e este tarifário não for disponibilizado, pode-se mudar e fazer novamente contrato com o mercado regulado, se chegar à conclusão que é o mais adequado para si”, acrescentou.
O essencial, segundo a Deco, é “não tomar decisões precipitadas, procurar sempre fazer uma simulação para cada caso e encontrar a tarifa mais adequada”.
A Deco aconselha ainda os consumidores a verificarem se estão a pagar uma potência contratada elevada demais para o seu caso: “Posso ter uma casa em Lisboa, onde habito na maior parte do tempo, com uma tarifa de uma empresa que é mais barata, e uma segunda habitação, no Alentejo ou Algarve, por exemplo, com outra empresa a apresentar tarifas mais baratas para este caso”.
LUSA