“Espero que esse passo atrás nunca venha a acontecer. Eu não tenho essa visão da centralização. Os ‘grandes’ não podem perder o pouco [de valor acrescentado face aos restantes primodivisionários], que parece que é muito em Portugal, mas é pouco em comparação contra quem competimos lá fora”, enquadrou o líder máximo dos campeões nacionais.
Frederico Varandas falava na primeira conferência da terceira edição da cimeira Thinking Football, que arrancou hoje e promoverá debates sobre a modalidade com oradores nacionais e internacionais até sábado, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).
“Não podemos perder de maneira nenhuma, porque, neste momento, nós já lutamos de uma forma tão desequilibrada que a redução de 35 milhões de euros (ME) para seja o que for torna ainda mais insustentável que possamos competir a este nível. Nem sequer temos em cima da mesa essa hipótese de os ‘grandes’ darem um passo atrás. Acreditamos que os clubes pequenos têm de dar um passo em frente”, prosseguiu.
De acordo com o decreto-lei validado em Conselho de Ministros, em fevereiro de 2021, a centralização vai ficar concluída nos dois escalões profissionais até 2028/29 e inviabilizará os clubes de comercializarem individualmente os direitos de transmissão dos seus jogos.
“Neste momento, o Sporting nem tem como estar fora da centralização. Temos o nosso contrato [com a operadora NOS desde dezembro de 2015, num total de 515 ME] até 2028 e, a partir daí, lutaremos pelo melhor contrato possível. Esperamos que a centralização seja uma ótima realidade, porque há três fatores importantíssimos para as finanças dos clubes: as vendas de jogadores, as receitas das competições europeias e os direitos televisivos. Se esta última vertente cair, não há outro milagre e vamos ter de vender cada vez mais”, estimou.
Ciente de que “o sucesso financeiro está sempre interligado com o êxito desportivo”, Frederico Varandas enalteceu as contas apresentadas na terça-feira, quando a Sporting SAD anunciou ter alcançado o terceiro resultado líquido positivo consecutivo, ao fechar 2023/24 com 12,1 ME de lucro, num exercício assinalado pela conquista do 20.º título de campeão nacional.
“Se não estivermos na Liga dos Campeões, são menos 30 a 40 ME de [prémio de] entrada. Por isso, só há uma variável que nos resta, que é a venda de jogadores. A presença nas competições europeias, nomeadamente na ‘Champions’, é uma arma e uma ferramenta indispensável para não vendermos tanto”, insistiu.
O presidente do Sporting, que completou na terça-feira seis anos à frente do clube, após ter sido empossado em 2018 como sucessor de Bruno de Carvalho, abriu ainda a porta à entrada de um investidor externo, sem abdicar do controlo maioritário do capital da SAD.
“Depois de termos arrumado a casa, estamos preparados para finalmente acolher um parceiro estratégico, que possa alavancar o nosso projeto desportivo. Os moldes que defendemos é sempre de que o clube mantenha a maioria da SAD, mas a palavra será dos sócios”, finalizou.
Lusa