João Almeida, de 24 anos, venceu a classificação da juventude, a 16.ª etapa e ficou em terceiro na geral final na 106.ª edição do Giro, atrás apenas do vencedor, o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), e do britânico Geraint Thomas (INEOS), segundo.
É o melhor resultado de sempre para Portugal na Volta a Itália, a sua prova de eleição após aí se mostrar ao mundo em 2020, e consagra-o como um dos melhores ciclistas portugueses de sempre, agora no encalço do melhor, Joaquim Agostinho.
Em 2022, João Almeida juntou o quinto lugar na Vuelta ao quarto posto no Giro2020, em que escreveu uma das mais bonitas páginas do ciclismo português na ‘corsa rosa’, depois de 15 dias como líder da geral, e de um sexto posto na mesma corrida, no ano seguinte.
Nesse ano, mais do que melhorar o registo de José Azevedo, que em 2001, no papel de gregário de luxo do espanhol Abraham Olano, foi quinto – o mesmo lugar que alcançou no Tour2004 -, o miúdo de A-dos-Francos (Caldas da Rainha) fez Portugal sonhar com um inédito triunfo numas das grandes Voltas, que agora ‘ficou’ mais perto.
Seguiu-se o sexto lugar de 2021, a desilusão por covid-19 no ano seguinte, que ‘redimiu’ com a estreia na Vuelta.
O pódio, inédito para cores portuguesas no Giro, deixa-o no encalço Joaquim Agostinho, o maior ciclista português de todos os tempos.
Foram 11 as presenças do corredor de Torres Vedras, que morreu em 1984 na sequência de uma queda na Volta ao Algarve, entre os 10 primeiros em grandes Voltas, com os terceiros lugares no Tour (1978 e 1979) a permanecerem como os feitos mais extraordinários do ciclismo nacional.
Embora no seu palmarés figure o estatuto de vice-campeão da Vuelta em 1974, são as prestações de Joaquim Agostinho na Volta a França, onde também foi quinto (1971 e 1980), sexto (1974) e oitavo (1969, 1972 e 1973), que perduram no imaginário coletivo.
Almeida ultrapassa ainda José Azevedo na tabela de ‘top 10’ em grandes Voltas, uma vez que chega ao quarto, somando o terceiro lugar de hoje a um quarto em 2020, sexto em 2021 e ao quinto posto na Vuelta, contra três do ex-ciclista.
Acima, como sempre, só Joaquim Agostinho, que somou 11 presenças entre os melhores 10 de cada prova, mas nunca no Giro, em que só o jovem das Caldas da Rainha fez ‘top 10’ mais do que uma vez — Azevedo e Acácio da Silva conseguiram-no por uma ocasião cada.
O corredor da UAE Emirates, de resto, praticamente não conhece outra realidade nas grandes Voltas a não ser os 10 primeiros, tirando o percalço em 2022, quando lutava pelo pódio final da ‘corsa rosa’ e um positivo à covid-19 o tirou de prova, um bom presságio antes do objetivo, já assumido pelo próprio, de se estrear na Volta a França em 2024.
A espera por uma primeira vitória em grandes Voltas continua, agora como o país com mais pódios sem vitória final, à frente dos três da Letónia, dos dois de Ucrânia e Polónia, e presenças solitárias para ciclistas de Lituânia, Áustria, Eslováquia e Venezuela.