Aos 34 anos, o atual jogador da Juventus, que tem sublinhado que o fim não é para já, conquistou quase tudo, faltando-lhe, após 999 jogos, pouco mais do que o campeonato do mundo, ‘vazio’ que só poderá preencher, se lá chegar no ativo, em 2022.
Tirando o Mundial, Ronaldo não falhou nada, incluindo um muito ambicionado grande título por Portugal, o Euro2016, uma mão cheia de eleições como melhor do mundo e de ‘Champions’, tudo ‘banhado’ a golos, muitos golos, já mais de 700, incluindo os 451 que fazem dele o melhor marcador do ‘maior’ clube do mundo, o Real Madrid.
O jogador formado no Sporting, clube no qual ‘aterrou’ com 12 anos, proveniente da Madeira, onde representou Andorinha e Nacional, é também o melhor da seleção ‘AA’, com mais jogos (162) e golos, sendo que os 95 que apontou já suplantam os de Pauleta (47) e do ‘rei’ Eusébio (41) em conjunto.
Para muitos, é o melhor jogador de português de ‘todos os tempos’, embora não para todos, porque há Eusébio, enquanto outros – incluindo o próprio – já o consideram o melhor entre todos, o que é por si só um enorme feito, ou não existissem, entre outros, Pelé, Maradona ou o contemporâneo Messi.
Independentemente do lugar que irá ocupar na hierarquia, e que flutuará, certamente, ao ‘sabor’ de cada opinião, é unânime que o português é uma figura incontornável da história do futebol, lugar que conquistou à custa de juntar muito trabalho a um talento natural, e que foi visível desde bem cedo.
O ‘olheiro’ Aurélio Pereira descobriu-o na Madeira e trouxe-o para o Sporting, onde não ‘conseguiu’ fazer mais do que uma época (2002/03), pois, no início, da seguinte (2003/04), deslumbrou Alex Ferguson, que o levou para o Manchester United.
Curiosamente, um dos jogos mais importantes da história de Cristiano Ronaldo, nem entra para as contas dos 1.000, porque foi um particular de clube, a inauguração do Estádio José Alvalade, em 05 de agosto de 2003, face aos ‘red devils’: o franzino extremo dos ‘leões’, de 18 anos, ‘partiu tudo’ e foi embora.
Em Manchester, encontrou o ‘pai’ ideal em Ferguson, que, com a ajuda de Carlos Queiroz, transformou o português num craque, que, em seis épocas no United, subiu até ao topo, individual (Bola de Ouro em 2008) e coletivamente (Champions 2007/08).
Depois, como a cada dia, a cada treino ou jogo, mesmo antes e depois, quis mais, e acabou no Real Madrid, o clube ideal para as suas ideias de ‘grandeza’, para a sua ambição de ser o melhor, o melhor de todos, o melhor entre os melhores.
Com a camisola ‘blanca’, Ronaldo conseguiu o ‘impossível’, não em forma de quatro ‘Champions’, para juntar à arrebatada no United, mas de uma inacreditável média de golos superior a um por jogo: só parou nos 451 tentos, em apenas 438 jogos.
Nove épocas chegaram para deixar para trás todas as ‘lendas’ dos ‘merengues’, de Butragueño a Raúl, passando por Gento, Hugo Sánchez, Puskás ou ‘Dom’ Alfredo Di Stéfano, o homem que, juntamente com Eusébio, apresentou Ronaldo aos adeptos madridistas, em 06 de julho de 2009, no Bernabéu, perante 80.000.
Pelo meio, arrebatou por Portugal aquele que considera ser o seu título mais importante, o Europeu de 2016, que ‘vingou’ a amarga derrota caseira com a Grécia, em 2004, ainda menino. Saiu em lágrimas, lesionado, mas foi o primeiro a levantar o ‘caneco’.
Dois anos volvidos, e depois de uma terceira ‘Champions’ consecutiva, em 2017/18, Ronaldo achou, porém, que já chegava de Madrid, provavelmente farto de assobios que nunca aceitou e de problemas ‘extra’ futebol, nomeadamente com o fisco espanhol.
O Real Madrid pôs-lhe preço (100 milhões de euros) e a Juventus não hesitou em pagar, também porque o português mostrou vontade em rumar a Itália, onde em pouco mais de uma época tem mostrado que mantém intactos os seus dotes de goleadores.
Uma nova vitória na Liga dos Campeões, depois de já ter dado uma Supertaça italiana à ‘Juve’ e ter sido o melhor marcador da equipa na campanha rumo à vitória na Serie A de 2018/19, será o seu maior objetivo, a par de continuar a marcar golos, uma obsessão a cada jogo, a cada jogada.
C/Lusa