A partir das 05:30, em Vilarinho e Fiscal, nos arredores daquela vila do distrito de Coimbra, já era visível a circulação de pessoas em direção à Serra da Lousã para ver atuar os melhores pilotos mundiais.
Muitas vieram de véspera e ficaram instaladas em autocaravanas e tendas de campismo para não perderem nada da primeira passagem na Lousã, agendada para as 08:08, num troço com 12,35 quilómetros.
A família Lena, de Celorico de Basto, no distrito de Braga, chegou a Vilarinho na quinta-feira à tarde e pernoitou na autocaravana e numa tenda junto à igreja de Vilarinho, naquela que é a primeira vez que vão experimentar a emoção do rali na Lousã.
“Já fomos a Arganil e Góis, mas na Lousã é a primeira vez”, disse Eduardo Lena, de 70 anos, um apaixonado pelo roncar dos motores desde os seus 18 anos, sentimento que transmitiu à esposa Lourdes e ao filho Eduardo, de 30 anos.
A “doença” pelo rali passou de pai para filho, que tirou férias para assistir à prova nos míticos troços da região Centro, nos quais deposita “sempre grandes expectativas”, que não saem defraudadas.
Segurando uma mala térmica carregada de cerveja, Luís e Hugo, de Pombal, avançavam em passo acelerado em direção à estrada de terra batida que os leva até ao troço em Vilarinho, acompanhados de mais amigos e de outra mala térmica.
“Somos um grupo de seis e, além da cerveja, temos presunto”, frisou a dupla de amigos, que já não se deslocava à Lousã para assistir ao Rali de Portugal “há muitos anos”, que regressou àquela zona em 2019, depois de cerca de duas décadas afastado da região Centro.
Na Estrada Nacional 342, as pessoas vão-se avolumando para tomarem a direção do troço e o público é transversal – homens e mulheres de todas as faixas etárias e crianças.
O Henrique, de 20 anos, trocou a Queima das Fitas de Coimbra, que teve início na quinta-feira à noite, pelas emoções dos carros de rali, e, juntamente, com os pais e a irmã, de 16 anos, não quis perder a passagem da prova no seu concelho.
A mãe, Nazaré, vai pela primeira vez ao rali e mostrou-se confiante na experiência. “As expectativas são boas e estou muito curiosa”, disse.
Junto aos pontos de acesso ao troço, a agência Lusa encontrou também muitos espanhóis, vindos de locais tão diferentes como Astúrias, Valência ou Galiza.
Sérgio Passos, de 35 anos, e o amigo Manuel Canhotas, de 24 anos, vieram da Galiza e, pela primeira vez, estão na Lousã para assistir ao Rali de Portugal, embora considerem que Fafe “é que é mítico”.
“Portugal tem o melhor rali do mundo”, enfatizou Sérgio Passos, que coloca a prova nacional à frente dos ralis da Grã-Bretanha e de Monte Carlo.
Das Astúrias, Ângela e Pablo aproveitam o período de férias para assistir à prova, pela primeira vez na Lousã, tendo chegado numa autocaravana já na quarta-feira.
De automóvel, provenientes de Valência, Juan Francisco e mais três amigos vieram sentir, pela primeira vez na Serra da Lousã, as emoções dos bólides em prova.
Ao início da manhã, por volta das 06:00, os estabelecimentos de restauração na Lousã ainda não tinham aberto portas, com exceção para os cafés Porta 70, na Sarnadinha, e O Fontenário, em Vilarinho, que estiveram a funcionar toda a noite.
“Passaram por aqui muitos estrangeiros, sobretudo espanhóis e franceses, mas também ingleses, belgas e holandeses”, indicou o proprietário do Porta 70, Tiago Santos, que toda a noite manteve o grelhador em atividade para saciar a fome aos adeptos do rali.
O comerciante não tem dúvidas que a prova “é uma mais-valia económica” para o seu estabelecimento, que fica em caminho para o acesso ao troço.
Apesar da boa afluência, Tiago Santos recordou que, em 2019, ano do regresso do rali à Serra da Lousã, havia mais público, “com as pessoas acampadas em todo o lado, numa coisa surreal”.
A cerca de dois quilómetros, o café O Fontanário, também não fechou portas e Fátima Amado, filha da proprietária, destaca também que se registou menos afluência do que em 2019.
“Nesse ano, isto estava a bombar mais, com a rua sempre cheia de gente e as pessoas sem arredar pé”, recordou à agência Lusa.
No entanto, o balanço é muito positivo, com pessoas de norte a sul do país a passarem pelo estabelecimento, “desde Vieira do Minho a Monte Gordo”.
“O que teve mais saída? Bifanas e cerveja”, especificou Fátima Amado, acrescentando que também o Licor Beirão, originário do concelho da Lousã, teve grande consumo entre os aficionados espanhóis.
Lusa