Muito se fala e discute que em qualquer transação comercial, e para que ambas as partes estejam salvaguardadas, que deve existir um contrato, válido judicialmente, que em caso de litígio, possa defender ambas as partes envolvidas no negócio… 

Mas, já o meu pai me dizia que todas as palavras escritas são vãs, quando as pessoas são sérias, educadas e determinadas em respeitar, seja de que forma for o que foi acordado, escrito ou não.
Mais vale a palavra do HOMEM do que cem linhas de um suposto intercâmbio negocial mas, isso é quando os negócios são tratados entre HOMENS sérios e determinados a cumprir o que foi acordado seja quais forem as circunstâncias que possam suceder…

E neste mundo dos automóveis, tudo pode aparecer.

Este é um desporto em que a máquina, na maior parte das vezes dita os resultados, independentemente da vontade e habilidade de quem o conduz e, quem está há tanto tempo nos automóveis, deve saber melhor que ninguém que por vezes o material novo colocado antes de qualquer prova não é garante que este possa resistir e não ceder durante o esforço, caso contrário as equipas de fábrica com grandes orçamentos e com possibilidades de estrear componentes novos em cada prova não estavam sujeitos a quebras e avarias impeditivas dos resultados pretendidos.

Ora no recente Rali Vinho da Madeira a equipa da PT Racing, apresentou-se à partida com várias unidades alugadas a pilotos locais, que como habitualmente foram sujeitas a profundas revisões, que permitissem encarar esta dura prova com a tranquilidade habitual com que esta equipa credenciada o faz.

Uma destas viaturas, um Peugeot 208 R2 foi subalugado a outra estrutura, acima de qualquer suspeita, e que foi Campeã Nacional em 2016.

Esta unidade que apenas havia cumprido dois ralis do nacional e duas provas do regional até ao momento, é uma unidade completamente nova e finalizada de construir em 2017, e que nos oferecia todas as garantias, não só ao nível da sua preparação como, em relação ao estado de uso das suas unidades mecânicas.

Foi esta unidade que após completamente revista pela PT Racing, foi cedida ao Sr. Rui Jorge Fernandes filho do consagrado piloto Rui Fernandes, por quem até ao momento nutríamos a nossa maior e mais sincera admiração e respeito.

Após algumas questões de somenos importância levantadas pelo piloto sobre a origem do carro, pelo qual nos responsabilizámos completamente, pois estávamos conscientes do produto que estávamos a pôr à disposição da equipa. Efetuaram-se testes exaustivos de adaptação até que o piloto encontrasse o set up ideal para a sua condução.

E pelos vistos a unidade cedida esteve de acordo com as expectativas pois a equipa desde o início se cotou como a mais rápida da classe RC4 e depressa chegou a liderança das duas rodas motrizes, rodando claramente nos 20 primeiros da tabela da classificação geral.

Esta diferença foi aumentando até que á partida para o último dia de prova se cifrava em mais de 2 minutos!!!

Será que este carro tinha o motor “cansado” e uma relação de caixa inadequada como chegou a ser posto em causa?

A PT Racing, antes da prova começar, num briefing com todos os seus pilotos, recomendou vivamente que estes verificassem o aperto das rodas da viatura, frequentemente pois, existe tendência para que os pernes de roda aliviem com o aquecimento.

Para tal todos os carros estavam dotados de chave e rodas manual e de pistola de impacto elétrica onde estava acoplada chave de caixa da medida e tamanho necessários à operação a efetuar, não havendo portanto qualquer impedimento para o facto desta operação não poder, por mera precaução, ser efetuada, como pedido da equipa técnica.

Inadvertidamente e sem cautela a equipa do piloto Rui Fernandes que liderava a prova com vantagem suficiente para poder gerir o seu avanço na última etapa, não efetuou a reaperto solicitado, evocando para o facto, não existir na viatura uma chave de rodas própria para o efeito.

Por outro lado, a assistência técnica e verificação devida dos varios componentes da viatura sempre que a mesma ia ao parque de assistência, sempre foi responsabilidade do Team Vespas, ou seja, a viatura a pedido do piloto esteve sempre a cargo da refrida equipa desde o inicio da prova, quinta feira, até ao ultimo parque de assistência anterior à desistência.

Assim no decorrer da 15º classificativa, e pela certa, devido ao alívio do aperto dos pernes de roda da frente esquerda, estes foram degolados e a roda saltou fora deixando o carro imobilizado em plena classificativa o que levou ao consequente abandono da equipa. 

Desta situação infere-se várias conclusões das quais nas mais importantes figuram a falta de preocupação com o aviso de reaperto feito pela equipa técnica e a falta de atenção com o equipamento que estava a bordo da viatura. 

Desta forma, e lamentavelmente, uma prova sem problemas mecânicos, técnicos ou de logística, com uma viatura que permitiu à equipa cumprir os seus objetivos e rodar sempre a frente da sua classe e dos carros de duas rodas motrizes transformou-se num pesadelo com a desistência a 4 classificativas do fim.

Mas o pior estaria para vir quando, denegrindo a imagem da equipa que alugou a viatura de prova e, eventualmente a equipa que construiu e preparou este Peugeot 208 R2, a equipa do piloto Rui Jorge Fernandes representando o Team Vespas se recusou, sem mais conversas a não regularizar o acordado, nomeadamente a gasolina, e o transporte da viatura e, viatura de assistência para o Continente (que estava acordado), que, quando foram para ser embarcados tinham ordem expressas para o não fazer por falta de pagamento.

Há muitos anos que lidamos com corridas, com automóveis de corrida, com ralis, velocidade, autocross e enfim tudo o que tenha rodas…

Há muitos anos, porque é essa a nossa paixão, enquanto piloto que o fomos com notoriedade, e agora enquanto preparador, emprestando a mesma qualidade e seriedade que pusemos em todas as nossas participações…

Fomos campeões, fomos na estrada e fora dela.

Fomos sérios e competitivos.

Mas fomos acima de tudo HOMENS de palavra e só sabemos lidar com a vida dessa forma!!!

Antes de ganhar qualquer coisa na vida há que ganhar respeito por quem trabalha e ser educado na premissa que para ser Campeão passa primeiro por ser HOMEM

PT Racing
Paulo Antunes