A “Dança das Espadas” desde 1578, que se realiza apenas uma vez por ano na ilha, é hoje executada no âmbito das Festas de São Pedro, na Ribeira Brava.
"Esta dança medieval era executada pelos pescadores do concelho da Ribeira Brava no dia de São Pedro”, disse o impulsionador do grupo “Dança das Espadas”, Danilo Fernandes, justificando o facto de a única atuação anual ser naquele dia e naquela vila.
O grupo ”Dança das Espadas”, pertencente à associação Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova, surgiu em 2000, com a intuição de manter esta tradição.
Num trabalho de pesquisa sobre o estudo da “Dança das Espadas”, publicado em 2000, o também diretor artístico deste agrupamento menciona que os primeiros registos da existência desta dança "surgem em 1578 e 1599, na Ponta de Sol", durante o Corpo de Cristo.
Entretanto, a dança foi abolida, em 1930, pelas Leis do Concílio Plenário Português, que censurou o seu caráter profano e, em 1946, a tradição foi retomada com uma representação excecional durante a festa de São Pedro, uma prestação que a celebrizou e evitou a sua extinção, explicou o investigador.
Danilo Fernandes, no seu trabalho, referiu que esta dança tradicional "sofreu algumas modificações ao longo dos tempos", mas que a "essência se manteve imutável".
O diretor artístico do grupo mencionou ainda que esta dança é protagonizada por sete dançarinos e três músicos, acompanhados por vários instrumentos: rajão, braguinha e pandeiro – existindo registos de utilização também da viola francesa -, havendo seis espadas que acompanham toda a coreografia destes bailarinos.
Também foi uma tradição na vila de Machico (1761), durante a procissão do Corpo de Deus e no Funchal, onde os dançarinos eram os boieiros e os taberneiros (1696), também por ocasião da procissão de São Tiago, o padroeiro da cidade.
O Grupo Danças das Espadas da Associação Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova comemora hoje, o seu 16º aniversário e a sua 17ª presença consecutiva no arraial de São Pedro da Ribeira Brava.