A escrita de Herberto Helder é o ponto de partida para o espetáculo "A máquina de emaranhar paisagens" , interpretada por Dinarte Branco, que vai estar em cena de 23 a 26 de fevereiro, no Teatro Carlos Alberto (TeCA), no Porto.
O espetáculo, com produção da Berma, estreou-se em outubro último no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, e consiste numa dramaturgia construída unicamente sobre textos e poemas de Herberto Helder, como referia na altura um comunicado do Teatro da Cornucópia.
"Através da voz e do corpo do ator e de um diálogo íntimo com o músico Cristóvão Campos, acredita-se que a imagética, a musicalidade, o ritmo impresso nos textos e poemas, tornem real um outro entendimento" desses textos, "não na tentativa de os explicar, ou de os resolver, mas de os pensar e receber de uma forma diferente", lê-se no mesmo documento.
Com direção e interpretação de Dinarte Branco, "A máquina de emaranhar paisagens" tem composição musical e interpretação em cena de Cristóvão Campos, cenografia de Paulo Oliveira, e figurino de Cristina Homem de Gouveia.
Herberto Helder morreu em 23 de março de 2015 na sua casa, em Cascais, e foi recordado, na ocasião, pelo meio literário e político como o "mago da palavra", poeta "vulcânico" que se remeteu ao silêncio, mas cuja obra deixa marcas na literatura portuguesa.
Discreto, avesso ao lado mais mundano da vida literária, sobrevivem-lhe mais de cinquenta obras, sobretudo poesia, que o inscrevem no reservado espaço dos maiores poetas de Língua Portuguesa.
Autor que "fugiu à banalidade", Herberto Helder foi um "mago da palavra" que "tirou magia em tudo que tocava", afirmou, no dia da sua morte, o catedrático de Literatura Arnaldo Saraiva.
Um poeta inovador que criou "uma nova linguagem, que é verdadeiramente mágica e esplendorosa", acrescentou o jornalista José Carlos Vasconcelos.
Nascido na Madeira, em 1930, Herberto Helder viveu quase sempre no continente, desde a adolescência, teve vários ofícios – operário, repórter de guerra, editor, empacotador, bibliotecário -, mas o da escrita foi o mais constante, desde que publicou o primeiro livro, "O Amor em visita", em 1958.
A peça pode ser vista de quinta-feira a sábado, às 21h00, e ao domingo, às 16h00.
LUSA