Ponta Delgada, cidade dos poetas, foi a escolhida pelo escritor insular para lançar a primeira obra poética. Na Casa da Madeira nos Açores, o livro “Arritmias” foi apresentado por João Carlos Abreu, ex-Secretário do Turismo e Cultura da Madeira.
“Arritmias”, nome pensado pelo autor, fala de “altos e baixos”, de muitos lugares, da relação entre as pessoas e do amor.
João Carlos Abreu, que também escreve o prefácio, diz que “O Luís Freitas é um jovem nascido na “Ilha dos Amores”, numa região onde as rochas e o mar guerreiam-se, nos invernos rigorosos e nos verões deitam-se tranquilamente na preguiça de um sono romântico. Por isso a sua poesia tem amor, tem angústia, tem encontros e desencontros. Ele saiu de uma ilha e refugiou-se, voluntariamente, em outra ilha…. Ele refugia-se nas palavras, aí encontra o seu mundo seguro para mostrar-se inteiramente. A sua poesia é, algumas vezes, de uma paixão ardente, diria febril, nem sempre, em minha opinião, correspondida.”
Luís Ramos Freitas lança o primeiro livro de poemas aos 30 anos, numa edição de autor. Fica aqui a transcrição de um dos poemas, “Lembrei-me”.
Lembrei-me
Lembrei-me que existias,
lembrei-me…
Fui triste ao lembrar-te
por saber que não te possuo;
mais uma vez triste, faz parte,
mas também não te excluo.
Lembrei-me num desvario,
no sopro do vento bem forte,
que o que me mata não é o frio
Mas a robustez do teu decote.
Lembrei-me; mas fui infeliz ao fazê-lo,
por não te ter e não o ter,
a ti e ao teu decote.