Ana Cristina Pereira foi distinguida pela reportagem “Ao fim de 40 anos, Vicente não queria sair da prisão“, publicada em outubro do ano passado no Público, com fotografias de Paulo Pimenta. Esta reportagem recebeu já os prémios AMI – Jornalismo Contra a Indiferença e Jornalismo em Saúde, na categoria Saúde Mental, do Clube de Jornalistas com a Apifarma.
O júri desta edição do Prémio Orlando Gonçalves, constituído por Sofia Palma Rodrigues, pela Câmara da Amadora, Luís Filipe Simões, pelo Sindicato dos Jornalistas, e Tiago Torres da Silva, pela Sociedade Portuguesa de Autores, tomou como “pontos fundamentais” para a atribuição do prémio “a seriedade do trabalho apresentado, o facto de este resultar de uma investigação que se estendeu por um longo de período de tempo, a urgência e especificidade do assunto tratado, a relevância do tema e a qualidade da narrativa.”
Os jurados sublinharam ainda a qualidade geral dos trabalhos concorrentes, que permitiu a leitura de “um lote de artigos tão sérios e tão bem elaborados”, “num momento tão hostil ao jornalismo de investigação” como o atual.
Tal facto “enche-nos de esperança no futuro da tão maltratada profissão de jornalista”, lê-se na declaração do júri, citada pelo comunicado da autarquia.
O Prémio Literário Orlando Gonçalves foi instituído pela Câmara Municipal da Amadora em 1998, “com o objetivo de, por um lado, homenagear a memória do escritor e jornalista Orlando Gonçalves”, um dos precursores do neorrealismo português, e de, em simultâneo, “incentivar a produção literária, contribuindo para a defesa e enriquecimento da língua portuguesa”.
O prémio distingue todos os anos, e de forma alternada, uma obra de ficção narrativa e um trabalho jornalístico de investigação ou grande reportagem.
À obra vencedora é atribuído um prémio no valor de cinco mil euros.
Ana Cristina Pereira, licenciada em Comunicação pela Universidade do Minho, é repórter do Público desde 1999, dedicando-se em particular ao tratamento de temas de direitos humanos e exclusão social.
É autora dos livros – que nasceram de reportagens – “Meninos de Ninguém” (2009), “Viagens Brancas” (2011), “Movimento Perpétuo” (2016), “Mulheres da Minha Ilha, Mulheres do Meu País (2022), “Desafios – Direitos das Mulheres na Guiné-Bissau” (2012), coassinado com Nelson Constantino Lopes, e “Mulheres de São Tomé e Príncipe” (2018), com Dário Pequeno Paraíso. É também autora das peças de teatro “Onde o Frio se Demora” (2016) e “Agora é diferente” (2019).
O prémio Orlando Gonçalves será entregue a Ana Cristina Pereira no próximo sábado, no âmbito da 9.ª edição da Festa do Livro da Amadora, a decorrer entre quinta-feira e domingo, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, que toma o nome do historiador, professor e jornalista, nome-chave da direção do antigo Diário de Lisboa.
“Por ti, Portugal, eu juro”, de Sofia da Palma Rodrigues, Diogo Cardoso e Luciana Maruta, uma reportagem da Divergente sobre os comandos africanos da Guiné colonial, foi o trabalho vencedor da anterior edição do Prémio Orlando Gonçalves, na modalidade jornalismo, atribuído em 2022.
Lusa