O fotógrafo madeirense Pedro Jafuno é o vencedor do prémio Novos Talentos Fnac, com o trabalho "Tylco", feito através de cidades da Europa de Leste, foi ontem anunciado.
O júri, presidido pelo jornalista do Público Sérgio B. Gomes, disse que o vencedor "foi capaz de sair do batido relato de viagem e do desejo de conto romantizado", construindo um "objeto exemplar", revelador da relação contemporânea com a geografia e com o desconhecido, orientada ainda "pela intuição e pelos sentidos".
Constituído ainda pelo fotojornalista Mário Cruz, da agência Lusa, vencedor de Prémios World Press Photo e Estação Imagem, e pelo fotógrafo Augusto Brázio, o júri atribuiu ainda Menções Honrosas a Ana Borges, pelo projeto "Terrain Vague", e a Mariana Lopes, pelo trabalho "Limbo".
"Tylko" é palavra polaca que pode ser traduzida como "único", "apenas" ou "só", como destaca o comunicado da organização do concurso, e dá título ao projeto que nasceu de uma viagem sem roteiro pré-definido de Pedro Jafuno.
O projeto começou com o objetivo de criar uma reportagem fotográfica convencional, com imagens analógicas monocromáticas em 35 mm. Contudo, a impossibilidade de revelar e visualizar as fotografias durante a viagem acabou por moldar o processo criativo.
Jafuno começou a anotar, em cadernos de viagens, as ideias que os rolos fotográficos ainda não revelavam, para tentar manter algum registo do que tinha fotografado.
Assim, para não se esquecer dos locais por onde passou – Varsóvia, Cracóvia, Bratislava, Budapeste, Belgrado, Sófia -, Pedro Jafuno começou a colecionar bilhetes de comboio e de autocarro, ‘flyers’ publicitários, passes de museus, cartões de hostels, rótulos de garrafas, mapas, entre outros objetos, associados a lugares e momentos específicos, que funcionavam como uma espécie de mnemónica das fotografias captadas.
A conjugação das imagens com estas "recordações" acabou por criar um projeto próprio, que vive para lá da imagem fotográfica, como destaca o júri.
"Aquilo que terá começado como uma tentativa de interpretação e aproximação dos sinais e do pulsar da História, acabou num peculiar mecanismo de inscrição e partilha de uma experiência visual (não apenas fotográfica), que deve ter tido os seus becos sem saída, as suas errâncias e as suas deambulações" ao acaso, disse o presidente do júri, Sérgio B. Gomes.
A inauguração da exposição do projeto vencedor realiza-se na sexta-feira, dia 17, na Fnac Chiado, em Lisboa.
Os trabalhos de Ana Borges ("Terrain Vague") e Mariana Lopes ("Limbo"), distinguidos com uma "Menção Honrosa", vão estar em exposição na Fnac Santa Catarina, no Porto, a partir do dia 25 de fevereiro.
Os três projetos distinguidos pelo júri iniciam assim um roteiro itinerante pelos 19 Fóruns Fnac, que se prolongará pelos próximos 12 meses.
LUSA
Pedro Jafuno