Num comunicado divulgado na segunda-feira, o Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), adianta que o crustáceo, batizado de ‘Dulcibella camanchaca’, “é o primeiro grande anfípode predador ativo” descoberto nas “profundezas extremas” daquela depressão do fundo oceânico, que podem exceder os 8.000 metros.
Quatro espécimes do crustáceo, com quase quatro centímetros de comprimento, foram recolhidos a uma profundidade de 7.902 metros e depois analisados morfológica e geneticamente, tendo o seu estudo sido publicado na revista científica Systematics and Biodiversity.
“’Dulcibella camanchaca’ é um predador que nada rapidamente e que batizámos com o nome de “escuridão” nas línguas dos povos da região dos Andes para simbolizar o oceano profundo e escuro” onde vive, explicou Johanna Weston, ecologista do WHOI e uma das principais coautoras do estudo, citada no comunicado.
“O mais emocionante é que os dados do ADN e morfologia indicam que esta espécie é também um novo género”, acrescentou.
A Fossa do Atacama, “geograficamente distante de outros ambientes da zona hadal (designação da zona mais profunda do oceano, a partir dos 6.000 metros de profundidade), abriga uma comunidade de espécies nativas diferente”.
“Esta descoberta sublinha a importância da exploração contínua do oceano profundo, particularmente no ‘jardim da frente’ do Chile”, disse Carolina González, do Instituto Milenio de Oceanografia (IMO), da Universidade chilena de Concepción, e outra das principais coautoras do estudo, adiantando que se esperam “mais descobertas” à medida que os cientistas continuam a estudar a Fossa do Atacama.
A descoberta dos cientistas do WHOI, instituto privado sem fins lucrativos, e do IMO foi feita no âmbito da expedição do programa Estratégia de Observação do Oceano Profundo (IDOOS) de 2023 e os resultados do estudo contribuirão para “entender os ecossistemas do oceano profundo e protegê-los de ameaças como a poluição e as mudanças climáticas”.
Lusa