“O Partido Socialista faz história. É o primeiro caso conhecido em Portugal, e provavelmente no mundo, de plágio em cadeia”, declarou o deputado social-democrata Bernardo Caldeira, numa intervenção no parlamento regional, no Funchal, indicando um total de dez diplomas com transcrições “ipsis verbis” de outros documentos, artigos e estudos sem citar os respetivos autores.
“Não tem ideias próprias, apropria-se das ideias dos outros, sem os mencionar, fazendo do seu plágio algo inovador, quando apenas se tratava de um claro roubo de propriedade intelectual”, disse, reforçando que o PS, maior partido da oposição regional (ocupa 19 dos 47 lugares no hemiciclo), “ficou exposto como uma fraude”.
Em 01 de fevereiro, o grupo parlamentar socialista retirou um diploma que recomendava ao Governo Regional (PSD/CDS-PP) que encetasse “as diligências necessárias à existência, nas marinas da Madeira e do Porto Santo, de lugares destinados exclusivamente às embarcações movidas a energias limpas”, depois de o deputado Bernardo Caldeira ter indicado que se tratava de plágio, com a maioria dos parágrafos retirados de vários documentos.
O deputado social-democrata disse que, no mesmo dia, o PS retirou também o projeto de decreto legislativo regional sobre o Regime Jurídico dos Percursos Cicláveis da Região Autónoma, situação que o levou a investigar o diploma.
“Deparei-me novamente com plágio”, afirmou.
“Bastou ir ao site da Câmara Municipal de Cinfães. Um artigo publicado no dia 03 de setembro de 2020, intitulado ‘Cinfães – Um destino de excelência para o ciclismo em comunhão com a natureza’ e o tratamento do texto [do PS] foi muito simples, onde no texto original se lê ‘Cinfães e Montemuro’ é só trocar por Madeira e o resto mantém-se”, explicou.
Bernardo Caldeira indicou, depois, outros nove projetos do PS em situação semelhante.
A deputada socialista Sílvia Silva, que assinou alguns dos diplomas mencionados, reagiu afirmando ter sido “lamentável” assistir à intervenção do parlamentar social-democrata.
“É lamentável que continue a fazer acusações diretas à minha pessoa, sem nunca me ter perguntado diretamente se eu fiz aquilo que me acusa de fazer”, disse.
Sílvia Silva afirmou, por outro lado, que o PSD também plagia decretos nacionais, mas os social-democratas explicaram que, nesse caso, se trata apenas do processo de adaptação dos diplomas à região autónoma.
A deputada socialista ironizou: “Os vossos são adaptações, os nossos são plágios.”
Lusa