A MWC tem em 2023 a sua 18.ª edição, que coincide com um momento de retração do mercado dos designados telemóveis ‘smarphone’, cujas vendas caíram 11,3% em 2022, para 1,21 mil milhões de unidades, o número mais baixo desde 2013, segundo dados de empresas especializadas neste setor citados há alguns dias pela agência de notícias AFP.
Especialistas ouvidos pela AFP, que sublinham que todos os fabricantes viram descer as vendas de ‘smarphones’, atribuem a queda à incerteza gerada pela guerra na Ucrânia junto dos consumidores, à inflação disparada e à "maturidade" de mercados como o europeu, em que 90% da população tem telemóvel e mantém o mesmo equipamento durante mais tempo.
Além de ser uma feira de negócios, a Mobile World Congress é também um fórum de debate sobre a indústria e o seu futuro, com a 18.ª edição a ter como lema a palavra "Velocity" ("velocidade") e a focar-se em temas como "a aceleração do 5G", os serviços financeiros tecnológicos (‘fintech’), realidade virtual, redes abertas (OpenNet) e indústria 4.0 (também conhecida como quarta revolução industrial e relacionada com o aumento da interconectividade e a inteligência artificial).
Nesta edição de 2023 continuará também a haver uma secção dedicada às ‘startups’ (empresas emergentes), conhecida como "4 Years From Now" ("daqui a quatro anos"), que conta com expositores de cerca de 550 empresas e a participação de 300 oradores em debates e conferências.
Segundo dados da organização da MWC, estarão em Barcelona mais de 2.000 empresas de 200 países e territórios e são esperados 80 mil visitantes, mais 20 mil do que em 2022, fruto do regresso à feira dos mercados asiáticos, após o fim das restrições impostas por causa da covid-19.
O número de visitantes oriundos da Ásia deverá aumentar em 25% em relação ao ano passado e só da China deverão viajar entre 4.000 e 5.000 pessoas para estar na MWC de Barcelona, um evento organizado pela Associação Mundial de Operadores Móveis (GSMA, na sigla em inglês)
Ainda assim, o número de visitantes deste ano da feira ficará aquém dos 109 mil que passaram pela MWC em 2019, a última edição antes da pandemia.
A Mobile World Congress de 2023 é inaugurada na segunda-feira pelo Rei de Espanha, Felipe VI, e pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e decorre até 02 de março (quinta-feira), num recinto de 240 mil metros quadrados.
Este ano, segundo a organização da feira, a chinesa Huawei volta ser a empresa com o maior expositor na WMC, um espaço de 11.000 metros quadrados que é também um recorde na história deste evento.
Os analistas ouvidos pela AFP dizem que esta é uma oportunidade e uma forma de a Huawei, um ‘gigante’ tecnológico, mostrar a sua capacidade de resiliência face às sanções norte-americanas de que tem sido alvo nos últimos anos e que tiveram impacto no seu negócio das telecomunicações móveis.
Os Estados Unidos justificam as sanções à Huawei com questões de segurança e possibilidade de espionagem chinesa.
As autoridades espanholas estimam um impacto económico da World Mobile Congress na cidade de Barcelona e arredores de 350 milhões de euros, com o evento a criar 7.400 postos de trabalho temporários.