Segundo o Mediazona, portal de notícias independente da Rússia, e o serviço em russo da cadeia de televisão britânica BBC, que compilaram dados publicados na imprensa ou através de outras fontes, desde 24 de fevereiro de 2022, há precisamente um ano, morreram 15.136 soldados russos, quase três vezes mais do que os anunciados por Moscovo, em setembro passado.
Os dados oficiais então divulgados pelo ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, apontaram para a morte de 5.937 soldados.
O número de baixas russas confirmadas durante o ano de guerra na Ucrânia excedeu o das baixas soviéticas oficialmente reconhecidas na guerra no Afeganistão ao longo de quase dez anos (15.051 soldados), relembram a Mediazona e o serviço em russo da BBC, citados pela agência noticiosa espanhola EFE.
Os dois meios de comunicação alertam que o número real de militares mortos pode ser maior do que o que contabilizaram, uma vez que só têm acesso a informações públicas como obituários, informações de familiares, notícias reveladas pela imprensa local ou documentos de autoridades locais.
Segundo a sua contagem, do total de mortos, 1.214 faziam parte dos 318.000 reservistas mobilizados em setembro pelo Presidente russo, Vladimir Putin, para combater na Ucrânia.
Desde o último relatório, a 12 deste mês, morreram mais de 1.000 soldados russos, 200 deles reservistas, segundo os dois órgãos de comunicação social.
A Mediazona indica que continuam a chegar dados sobre numerosas baixas entre os prisioneiros recrutados pelo grupo mercenário Wagner.
"Há duas semanas sabíamos os nomes de 790 prisioneiros. Desta vez contabilizamos 1.310", escreve a Mediazona.
A Mediazona é um meio de comunicação independente russo fundado por Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova, que também são co-fundadoras do grupo de protesto e da banda Pussy Riot.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, há exatamente um ano, 8.006 civis mortos e 13.287 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Lusa