Campeão mundial pela Argentina, numa prova em que foi considerado o melhor jogador jovem, o médio protagonizou a principal ‘novela’ ao longo de janeiro, que redundou em contrarrelógio no negócio mais caro de sempre do futebol nacional e da época 2022/23.
Depois de ter gastado 208,5 milhões de euros (ME) em sete reforços no início do ano, o Chelsea completou um histórico recorde de investimento de um clube na mesma época – 611,49 ME – com Enzo Fernández, cuja cláusula de 120 ME foi superada por um milhão.
O Benfica lucrou com a quinta transferência mais avultada de sempre a nível mundial, e maior feita por um centrocampista, que bateu ligeiramente a verba de 120 ME investida pelos espanhóis do Atlético de Madrid aquando da contratação de João Félix, em 2019.
Além desse autêntico ‘jackpot’, o líder isolado da I Liga portuguesa usufruiu do mês para abreviar o lote de ‘excedentários’, desde logo nas rescisões de Tomás Tavares (Spartak Moscovo, por três ME), João Ferreira (Watford, 2,5 ME), Yony González (Portimonense), Germán Conti (Lokomotiv Moscovo) ou Branimir Kalaica (Lokomotiva), enquanto Haris Seferović rumou do Galatasaray ao Celta de Vigo, mantendo a condição de emprestado.
Rodrigo Pinho (Coritiba, por 2,5 ME), Diogo Gonçalves (Copenhaga, dois ME), Gil Dias (Estugarda, dois ME), John Anthony Brooks (Hoffenheim, 500 mil euros) e Helton Leite (Antalyaspor) deixaram o plantel principal, tal como João Victor (Nantes), Paulo Bernardo (Paços de Ferreira) e Henrique Araújo (Watford), todos cedidos sem opção de compra.
O Sporting também observou avanços e recuos nas negociações com o Tottenham por Pedro Porro, que foi emprestado por cinco ME, com os ingleses a comprometerem-se a liquidar mais 40 ME no final da época e a cederem 15% do passe de Marcus Edwards.
O defesa espanhol deve, assim, igualar o segundo maior ‘encaixe’ de sempre do quarto classificado da I Liga, a par de Matheus Nunes (Wolverhampton) e Nuno Mendes (Paris Saint-Germain), ambos vendidos por 45 ME, logo atrás dos 55 ME fixos, com 25 ME em variáveis, desembolsados há três anos pelo Manchester United sobre Bruno Fernandes.
As conversações intensas acerca do futuro de Pedro Porro disfarçaram um mês pacato em Alvalade, de onde José Marsà (Sporting Gijón), Renato Veiga (Augsburgo) e Jovane Cabral (Valladolid) partiram por empréstimo, com Luiz Phellype (OFI Creta) a rescindir.
Em registo similar esteve o vice-líder Sporting de Braga, que aliou a devolução de Diego Lainez (Betis) e as cedências de Bruno Rodrigues (Karagümrük), Zé Carlos (Gil Vicente) ou Hernâni Infande (Paços de Ferreira) à partida do avançado Vitinha no final de janeiro.
Os franceses do Marselha desembolsaram 32 ME, dois acima da cláusula de rescisão do internacional sub-21 luso, para a maior venda de sempre dos minhotos, face aos 31 ME empregues pelo FC Barcelona por Francisco Trincão, atualmente no Sporting, em 2020.
Imune aos efeitos do mercado sobre os seus principais ativos, o FC Porto, detentor dos quatro troféus nacionais e terceiro colocado do escalão principal, emprestou Nanu (Santa Clara) e rescindiu com João Pedro (Grêmio), após se ter libertado das restrições geradas pelo regime de fair-play financeiro da UEFA, ao qual esteve submetido de 2017 a 2022.
Essencialmente sustentada nos negócios de Enzo Fernández, Pedro Porro e Vitinha, a I Liga nunca tinha auferido tanto dinheiro durante o inverno e foi o segundo campeonato à escala mundial com maior receita somada (161,1 ME), logo atrás da França (199,1 ME).
A ausência de ‘encaixes’ significativos sobressaiu, porém, entre os restantes 14 clubes primodivisionários, que viram o Marítimo ajustar o seu plantel com cerca de uma dezena de saídas, num mês assinalado pela saída de algumas figuras ou titulares recorrentes.
Se André Bukia (Al-Batin) foi vendido pelo Arouca, Joel Tagueu (Al-Hazm) e Ewerton (Vegalta Sendai) abandonaram Portimonense e Marítimo a título de empréstimo, num caminho inverso ao que fizeram Alex Millán, devolvido pelo Famalicão ao Villarreal, ou Bastien Toma e N’Dri Koffi, de regresso a Genk e Reims através do Paços de Ferreira.
Anderson Carvalho desvinculou-se do Santa Clara, Miguel Silva rumou do Marítimo ao Beitar Jerusalém e Pedro Amaral trocou o Rio Ave pelo Al Khaleej, com Danilo Veiga a ingressar no Rijeka oriundo do Gil Vicente, que foi resistindo à cobiça por Fran Navarro, um dos ‘artilheiros’ do campeonato, a par do benfiquista Gonçalo Ramos, com 12 golos.
O mercado continuará aberto em países como Áustria, México, Turquia, Sérvia, Suíça, Argentina, Rússia, China, Polónia, Ucrânia ou Brasil, estando os jogadores em final de contrato autorizados a comprometerem-se livremente com outro clube para 2022/23.
Lusa