“80 milhões de euros é o valor que conseguimos ver no orçamento de 2023 nas nossas responsabilidades”, disse Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e coordenador geral do Comité Organizador Local (COL) em conferência de imprensa ao fim da tarde na sede da Fundação, em Lisboa.
Américo Aguiar mostrou-se relutante em falar de números ao longo da conferência de imprensa, apesar de repetir por diversas vezes que os custos vão ser partilhados “ao cêntimo”.
“O que tenho receio é que podemos assustar as pessoas com este número sem elas perceberam a dimensão do evento”, disse o bispo auxiliar, na conferência de imprensa a propósito da polémica provocada pela divulgação dos custos do altar-palco onde o Papa Francisco irá celebrar a missa final da JMJ, em agosto, e que supera os cinco milhões de euros.
Para além de um valor global de 80 milhões de euros já estimado, mas que pode ainda aumentar, Américo Aguiar referiu de forma parcelar, que os custos previstos só para a alimentação dos peregrinos ultrapassam os 30 milhões de euros.
O memorando de entendimento assinado com as entidades que organizam a JMJ 2023 prevê que a igreja assume a responsabilidade e custos de tudo o que diga respeito ao acolhimento dos peregrinos, explicou o coordenador do evento, referindo que “no fim assumirá os prejuízos”, se houver. Eventuais lucros serão entregues às autarquias de Lisboa e Loures para projetos relacionados com a juventude.
Recusou, no entanto, fazer qualquer estimativa de encaixe financeiro, referindo que há já mais de 420 mil peregrinos pré-inscritos, mas isso não se traduz em pagamentos efetuados. O evento conta com financiamento de donativos de empresas e famílias, que serão também divulgados numa lista a tornar pública.
O bispo auxiliar negou que o financiamento assente em donativos signifique que não há qualquer investimento da igreja católica portuguesa no evento, referindo, por exemplo, que a estrutura já montada e em funcionamento para organizar a JMJ 2023 está a ser financiada pela igreja.
Sublinhou, no entanto, que “a igreja em Portugal nunca teria a possibilidade de organizar a JMJ sem a colaboração do Estado” e que outras jornadas tiveram também financiamento dos Estados nos respetivos países onde aconteceram.
Sobre o retorno expectável do evento, Américo Aguiar disse ainda que foi formalizado na quarta-feira um protocolo com o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade de Lisboa para contabilizar esse retorno, estando o trabalho a ser coordenado pelo economista João Duque.
A Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa, que acontece a cada dois ou três anos, entre julho e agosto.
A Jornada Mundial da Juventude, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.