"Entendemos que já não há nenhuma condição para que a administração da TAP continue. O seu administrador financeiro, se já não tinha, hoje perdeu essas condições de forma clara e a senhora CEO da TAP deixou de ter quaisquer condições de continuar à frente da empresa", defendeu André Ventura.
Considerando que a comissão de inquérito será um "vexame público de uma administração que perdeu toda a credibilidade que tinha", o presidente do Chega pediu ao primeiro-ministro que "demita a administração da TAP antes do início da comissão de inquérito" e indicou que irá transmitir este pedido também ao Presidente da República.
O líder do Chega falava aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, depois da audição da presidente executiva da TAP a propósito da indemnização de 500 mil euros paga à antiga administradora e ex-secretária de Estado, Alexandra Reis, para sair da companhia, e que decorreu esta manhã na sequência de um requerimento potestativo (obrigatório) entregue pelo partido.
André Ventura disse não ter ficado satisfeito com as explicações dadas por Christine Ourmières-Widener, considerando que "as respostas foram entre o estupefacto e o ridículo" e apontou que foi referido que Alexandra Reis "não renunciou" ao cargo de administradora da TAP, "ao contrário do que tinha sido dito", mas "que por divergências abandonou o lugar que tinha".
"Isto é uma ilegalidade, mais, é crime, e por isso estamos convencidos de que a este momento o Ministério Público já terá aberto um inquérito ao que se passou porque houve uma falsificação de um documento, que se chama falsidade material, no comunicado que foi feito à CMVM", afirmou.
Ventura salientou que "é muito grave uma companhia aérea financiada pelo Estado enganar o regulador deliberadamente para proteger não se sabe quem, porque a senhora CEO da TAP não referiu".
"O que tivemos hoje foi a mentira deliberada de uma administração da TAP ao país, ao regulador, eventualmente ao Governo [e] a confirmação de que o Governo dispunha desta informação ao ponto de que a senhora CEO diz que tem um documento que demonstra que partilhou com o Governo, nomeadamente com o Ministério das infraestruturas, o valor da indemnização", destacou.
O dirigente do Chega apontou que "o Ministério Público que veja agora se o senhor secretário de Estado sabia desta informação que foi enviada à CMVM, e se Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, tinha esta informação", defendendo que "aí será mais grave porque atingirá diretamente um ex-governante, mas o coração do Governo".
André Ventura disse ainda que o Chega está "perfeitamente disponível para assumir a presidência da comissão de inquérito", indicando que seria uma "tarefa que orgulharia imenso" o partido.
A comissão de inquérito proposta pelo BE à tutela política da gestão da TAP vai ser debatida no parlamento em 01 de fevereiro e a votação ocorrerá no dia 03. Ao contrário da proposta do Chega, este inquérito tem aprovação garantida já que o PS, que dispõe de maioria absoluta no parlamento, anunciou que irá viabilizá-la, tal como PSD.
Lusa