Este ataque ocorrido no sábado, atribuído às forças russas, que negam porém a sua autoria, é um dos mais graves envolvendo civis desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.
No último balanço, hoje divulgado por fontes do Serviço Estatal de Emergências, 39 pessoas, incluindo seis menores, foram resgatadas nas operações de buscas, outras 98 receberam apoio psicológico, quando os serviços municipais da cidade no sudeste da Ucrânia já tinham removido oito mil toneladas de escombros e 41 veículos danificados.
As autoridades locais decretaram três dias luto, na sequência do ataque, que, segundo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, destruiu 72 apartamentos e danificou mais de 230, num edifício habitado por cerca de 1100 pessoas.
O Presidente ucraniano considerou, no domingo, que o ataque foi realizado pelas forças russas a partir da região de Kursk, a algumas centenas de quilómetros de Dnipro, embora a Rússia tenha negado hoje o bombardeamento do edifício residencial, atribuindo a culpa à defesa aérea da Ucrânia.
“As forças armadas russas não atacam edifícios residenciais ou instalações de infraestruturas sociais, apenas alvos militares camuflados ou óbvios”, disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência oficial TASS.
Peskov invocou as “conclusões de alguns representantes do lado ucraniano” para insistir que a “tragédia foi o resultado de um projétil do sistema de defesa aérea da Ucrânia”.
Essa possibilidade foi sugerida pelo conselheiro presidencial ucraniano Aleksey Arestovich, no sábado à noite, embora ressalvando que a culpa da Rússia era inequívoca.
“Todos compreendem perfeitamente que se não houvesse um ataque russo, tal tragédia não teria acontecido, independentemente do mecanismo do ataque”, disse então Arestovich, citado pela agência espanhola EFE.
Para a União Europeia (UE) o sucedido na cidade de Dnipro foi um “crime de guerra” executado pelas forças russas.
“Os ataques intencionais contra civis são crimes de guerra e os responsáveis por eles devem ser castigados, leve o tempo que levar”, disse hoje o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, país que ocupa a presidência semestral do Conselho da UE.
A Suécia e a UE “condenam veementemente os ataques sistemáticos e contínuos da Rússia contra civis, propriedades civis e infraestruturas essenciais na Ucrânia”, acrescentou o líder sueco, incluindo “o disparo de um míssil contra um edifício no sábado em Dnipro”.
Em Bruxelas, o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, também denunciou como um “crime de guerra” o “ataque atroz” russo, reiterando o pedido a Moscovo que “pare imediatamente com estes atos”.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
Lusa