No final do debate, Luís Montenegro foi questionado pelos jornalistas no parlamento – onde assistiu à discussão da moção de censura da IL ao Governo – se fazia sentido a abstenção do partido, que tem criticado duramente o executivo socialista.
“Eu creio que faz sentido. Estas críticas são críticas de exigência, de uma oposição firme, de escrutínio e fiscalização. Não é por estarmos em desacordo completo com as políticas do Governo e com confusão instalada dentro do Governo que vamos pretender um terceiro ato eleitoral legislativo em três anos, já estamos em desacordo desde o primeiro dia”, justificou.
Luís Montenegro salientou, contudo, que o PSD “respeita o veredicto do povo” dado nas eleições de 30 de janeiro e que “é preciso dar tempo ao Governo para aproveitar a maioria” absoluta que lhe foi dada nas urnas.
“Não digo que é impossível que a legislatura seja interrompida por incapacidade pura e dura do Governo”, ressalvou, contudo.
Questionado se está preparado para eleições antecipadas, Montenegro respondeu afirmativamente.
“Não tenho medo nenhum de ir a eleições, tinha todo o gosto em que estas fossem disputadas diretamente com o dr. António Costa. Estou preparado para eleições quando tiver de ser, se tiver de ser amanhã, é amanhã. O que não quer dizer que deseje ao meu país, aos portugueses, que se lance um processo eleitoral menos de um ano depois de outro que resultou numa maioria que tenho de respeitar”, afirmou.
Luís Montenegro disse que gostaria que, no debate de hoje, o primeiro-ministro tivesse trazido novidades sobre “como pretende dar médicos de família a todos os portugueses”, “colocar os serviços de urgência a funcionar em pleno”, “como ter a economia a crescer mais” ou que iria cobrar menos impostos.
“Infelizmente, a tudo isto o primeiro-ministro não respondeu, embrulhou-se nas confusões e nos casos em que o Governo se envolveu”, considerou.
O líder do PSD acusou Costa de querer reapresentar ao país a “teoria do diabo”, mas considerou que atualmente “o diabo está dentro do Governo, na sua falta de coesão e espírito transformador”.
“Ou o Governo muda de vida ou os portugueses vão pedir que Portugal mude de Governo”, avisou, repetindo uma frase em que várias figuras do PSD têm insistido nos últimos dias.
A Assembleia da República chumbou hoje a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal com os votos contra do PS, PCP e Livre e as abstenções do PSD, BE e PAN.
O Chega foi o único grupo parlamentar a acompanhar a Iniciativa Liberal no voto favorável à moção de censura ao Governo.
Os dois deputados únicos dividiram-se entre a abstenção e o voto contra. Rui Tavares, do Livre, votou contra e Inês Sousa Real, do PAN, absteve-se.