Numa aula debate, na Escola Básica e Secundária de Ourém (Santarém), após ser questionado sobre a situação do ensino no país, Marcelo Rebelo de Sousa começou por dizer que “há muitos centros de excelência no sistema educativo português e tem sido feito um esforço notável pelos professores, pelos alunos, pelo pessoal técnico, auxiliar, administrativo, para melhorar, pela gestão”.
“E isso dá frutos”, realçou, notando também que “as instituições são obrigadas a melhorar por força do desafio que vem de fora [das comunidades], para além da dinâmica que existe dentro”.
“Outra coisa é haver uma prioridade política em Portugal em relação à educação. E aí eu tenho de reconhecer que praticamente todos os responsáveis falam na prioridade da educação, mas também reconheço que, no momento do voto, na escala de prioridades dos votantes, a educação nunca passa do sexto ou sétimo lugar”, declarou, elencando na escala de prioridades a situação económica, o emprego, saúde, questões de solidariedade social ou segurança.
“A seguir a estas prioridades, eu admito que venha a educação. Ou seja, provavelmente ninguém ganha ou perde eleições decisivamente por causa do programa educativo”, declarou, mas antes pela situação económica, pelo bolso das pessoas, pela expectativa de emprego.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “a educação não e isso é um problema”, mas não apenas português.
Para o chefe de Estado, “isso acaba por ter como consequência que as mudanças na educação ocorrem, vão ocorrer, são inevitáveis, mas vão ser mais lentas porque não são uma preocupação comunitária”.
“Às vezes, no plano local é diferente, mas estou a dizer no plano nacional”, observou, assinalando que “o que for importante para o povo é importante para os chamados políticos”.
Já questionado por outra aluna sobre o ensino artístico, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que “tem sido um ensino muitas vezes esquecido ou subvalorizado ou relativizado nas preocupações de quem trata matérias educativas”.
“Tens razão quanto às queixas que durante muito tempo, apesar dos passos dados, existem quanto ao ensino nesse domínio”, declarou, perante uma plateia de cerca de 400 alunos do 11.º e 12.ºanos.
Na aula debate onde abordou o seu percurso de vida, sobretudo escolar, e estabelecendo um paralelismo com a evolução do país, precisamente no dia em que completa 74 anos, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que só no fim da ditadura é que foram criados os politécnicos e se previu a criação de novas universidades.
“E aqui temos um problema que ainda não está ultrapassado entre nós, que se chama coesão territorial. Isto é, melhorou-se, melhorou-se, melhorou-se, mas o que acontece é que ainda hoje, em muitos casos, aquilo que trava o desenvolvimento de partes do território do continente português é falta de educação”, afirmou.