“Não entendemos todo o alcance de alguns interesses, mas nunca admitiremos que estratégias que visem o enfraquecimento das estruturas sindicais e da própria polícia possam prejudicar o fim a que nos propomos, ou seja a defesa do cidadão de bem. Decorrente de tais prejudicialidades o SPP recorrerá aos meios judiciais competentes para repor a sua integridade, dos seus associados e de todos os elementos da PSP”, refere o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), em comunicado.
A reação do SPP surge após a divulgação de uma reportagem de um consórcio português de jornalismo de investigação, que inclui jornalistas, advogados e académicos, e que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.
O SPP refere que na investigação jornalística fazem parte alguns associados do SPP, mas o sindicato alega desconhecer se há associados ou dirigentes envolvidos em tais práticas.
“O SPP nunca responde por qualquer ato promovido por qualquer associado ou dirigente no âmbito da sua vida privada”, precisa o comunicado.
O sindicato lamenta também a forma “desadequada e desconforme” como foi exposta “a identificação e imagens de elementos da PSP e GNR”, que pode ter “graves repercussões” para todos os elementos das forças segurança, “colocando em causa a atuação destes profissionais e a própria segurança da sociedade, bem como até a segurança das suas famílias”.
O sindicato critica ainda a utilização “abusiva, descontextualizada e desconforme do nome do SPP” na investigação jornalística, que “causa necessariamente repercussões negativas” para o sindicato, recordando que “ninguém é culpado até a decisão transitar em julgado”.
Após a divulgação do trabalho jornalístico, na quarta-feira ao fim do dia, o Governo anunciou que a Inspeção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito a este caso das publicações nas redes sociais, por agentes das forças de segurança, que alegadamente incitam ao ódio e à violência.
Na quinta-feira, o ministro da Administração Interna disse que a alegada publicação de mensagens racistas e xenófobas por membros das forças de segurança nas redes sociais, divulgada por uma reportagem, exige uma “atitude de grande lucidez, firmeza, determinação e consequência”, recordando para não se “confundir a parte como um todo”.