Esta posição foi defendida por António Costa na sua intervenção inicial perante a Câmara do Comércio Luso Espanhola – um discurso que centrou na atual conjuntura resultante da guerra na Ucrânia e na questão das dependências de vários Estados-membros europeus relativamente à Rússia.
“Foi pena ter sido necessário uma guerra para todos compreenderem na União Europeia a questão da segurança energética e da importância de se acelerar a transição energética. Isto recolocou o tema das interconexões e a Comissão Europeia foi muito clara na afirmação de que era necessário completá-las entre a Península Ibérica e o resto da Europa”, declarou o líder do executivo português.
De acordo com António Costa, há agora “uma enorme responsabilidade para Portugal e Espanha – e para as empresas energéticas dos dois países – no sentido de aproveitarem esta ocasião única para que se consiga vencer uma barreira que tem sido muito difícil de transpor até agora”.
“E isto com a Comissão Europeia a dizer que, mesmo que não seja possível fazer a interconexão pelos Pirenéus, haverá a possibilidade de fazer uma ligação direta por via submarina entre Espanha e Itália”, completou, numa alusão às resistências de França em relação a este projeto, mas também às dificuldades sentidas atualmente pela Alemanha no que respeita à diversificação das suas rotas para o fornecimento de energia.
Neste contexto, o primeiro-ministro salientou que Portugal e Espanha têm de dar a máxima prioridade à questão energética, já que a Península Ibérica, em virtude da capacidade já instalada, “tem condições para suprir quase 30% das necessidades da Europa”.
“Com algum investimento podemos suprir ainda mais. É isso que temos de saber valorizar na nossa posição”, sustentou.
Na sua intervenção, António Costa assinalou as potencialidades ibéricas na produção de semicondutores, assim como ao nível da produção e abastecimento hidrogénio verde.
O primeiro-ministro destacou ainda a fileira da mobilidade elétrica ao nível da produção de viaturas e de baterias.
“Portugal e Espanha têm das maiores reservas naturais de lítio. mas não podemos entender o lítio como o fim da cadeia de valor da mobilidade elétrica”, advertiu, defendendo, depois, que na Península Ibérica também se terá de fazer a refinação e o acabamento das baterias.
Lusa