Em declarações citadas pelo ‘media’ digital ucraniano Hromadske, e reproduzidas pelas agências internacionais, Kirilenko garantiu que as forças ucranianas que defendiam a localidade de Lyman, com cerca de 23 mil habitantes, recuaram para novas posições fortificadas em Svitlodarsk, a cerca de 90 quilómetros a sul.
Lyman, perto de Sloviansk, era um dos alvos principais da Rússia na tentativa de cercar as tropas ucranianas no Donbass e de assumir o controlo da rota Bakhmut-Severodonetsk para avançar em direção a Donetsk.
“Estão a ser travados combates particularmente duros na direção de Lyman. A maior parte da região já não é controlada por tropas ucranianas e o mesmo acontece com a linha de Svitlodarsk: as forças armadas ucranianas foram redistribuídas para ocuparem posições fortificadas”, afirmou o chefe militar regional.
De acordo com o ‘media’ ucraniano Hromadske, Kirilenko acrescentou que as tropas russas estão a tentar consolidar o domínio da região, porque acreditam que as forças ucranianas, nas suas posições em Svitlodarsk, podem contra-atacar e recuperar a cidade.
Segundo o mesmo operacional, os bombardeamentos continuam ao largo de toda a linha da frente na região de Donetsk, com lançamento de mísseis e ataques aéreos russos contra cidades situadas a sul e outras povoações localizadas mais longe, como Bakhmut, Pokrovsk e Kramatorsk.
Kirilenko comentou ainda que a cidade de Bakhmut é de especial interesse para as forças militares russas no seu objetivo estratégico de conquistar a região de Lugansk.
Os separatistas pró-russos em Donetsk já tinham anunciado que as tropas russas tinham hoje tomado “o controlo total” da cidade de Lyman, com o apoio das forças das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, que são reconhecidas por Moscovo.
Lyman, a norte da região de Donetsk, encontra-se a 30 quilómetros de Sloviansk e a 60 quilómetros de Severodonetsk e Lysychansk, na área de Lugansk, todos importantes alvos russos na sua ofensiva militar para assumir o controlo do Donbass.
O norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) confirmou hoje que as forças russas conquistaram em pleno, na quinta-feira, a região de Lyman, um importante centro ferroviário no território de Donetsk, controlado pelo exército ucraniano.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 93.º dia, já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito superior.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.