“11 mil milhões de euros são só 90% mais do que a última geração de fundos comunitários disponibilizou às empresas: é praticamente o dobro o que vamos ter nos próximos sete anos, comparativamente ao que tivemos nos últimos sete anos”, disse.
O chefe do executivo considerou assim tratar-se de “uma oportunidade extraordinária que ocorre num momento extraordinário, que é o momento em que a Europa decidiu investir seriamente na indústria, e em que Portugal tem condições únicas para ser uma grande plataforma de localização desse novo esforço de reindustrialização da Europa”.
Segundo o primeiro-ministro, essas “condições de excelências” derivam, em primeiro lugar, das “condições geográficas” de Portugal, um país que, “nessa relocalização para o mercado global”, deixou de ser “periférico”.
“Não nos medimos relativamente ao centro da Europa mas, pelo contrário, medimo-nos em função de sermos o interface – como sempre fomos – da Europa para o resto do mundo. (…) Não estamos aqui a olhar para a Europa para si própria, mas da Europa que se olha para o mundo e, quando a Europa se olha para o mundo, Portugal é de facto o ponto natural de interface”, sublinhou.
Costa relembrou que Portugal encontra-se numa posição geográfica que o situa na “distância mais curta entre o continente americano e o continente europeu, entre o continente africano e o continente europeu”, e defendeu que “isso é absolutamente extraordinário”.
“Há hoje uma medida que o demonstra: não foi por acaso que foi em Portugal que veio amarrar em Sines o novo cabo de alta definição entre a América do Sul e a Europa, não é por acaso que amarrou a semana passada em Setúbal o novo cabo de ligação da África do Sul à Europa, não é por acaso que vai amarrar também em Portugal o ‘To Africa’, que é o novo cabo de ligação ao norte de África e ao Médio Oriente”, frisou.
Além da posição geográfica, o chefe do executivo destacou ainda “outra vantagem competitiva muito significativa de Portugal”, designadamente o facto de ser o “quarto país mais seguro do mundo e o terceiro país mais seguro ao nível da União Europeia (UE)”.
A terceira vantagem de Portugal, segundo o primeiro-ministro, deriva do facto de a próxima década ser “a década da transição climática” e a Comissão Europeia considerar “Portugal o país que está em melhores condições para alcançar a neutralidade carbónica até 2050”.
António Costa realçou ainda que, hoje em dia, o país tem condições que nunca teve, devido à “capacidade de inovação e de qualificação” dos recursos humanos portugueses.
“Todos nós sabemos: o maior défice estrutural que o país teve ao longo de séculos teve a ver com qualificações. Hoje, felizmente, na geração que tem os 20 anos, nós já temos um número de pessoas a frequentar o ensino superior que ultrapassa o da média europeia: a média europeia são 42%, a média em Portugal já são 46%”, frisou.
O primeiro-ministro referiu assim que, através da qualificação, surge também a “capacidade de investigação e desenvolvimento” no “sistema científico e tecnológico” de Portugal, defendendo que “a capacidade de as empresas serem cada vez mais inovadoras” e competitivas depende “das qualificações dos recursos humanos” e da “capacidade de inovação no contexto empresarial”.
“Nós temos hoje essa capacidade como não tínhamos há algumas décadas atrás”, frisou.
Nesse sentido, depois de ter ouvido cerca de 10 empresários que irão participar na feira de Hannover – que Costa irá inaugurar no próximo domingo, em conjunto com o chanceler alemão, Olaf Scholz –, o primeiro-ministro defendeu que o certame pode servir de “alavanca” para o tecido empresarial português.
“Esta ida à Hannover Messe é uma oportunidade de termos aqui uma alavanca que nos ajude a projetar o Portugal que nos importa projetar, que é um Portugal que é competitivo, um Portugal que é inovador, um Portugal que é altamente produtivo e muito focado no desenvolvimento da indústria e com enorme potencialidade para atrair para Portugal aquilo que são as indústrias do futuro”, realçou.