A informação foi divulgada pela prefeitura da cidade, que trabalha no salvamento e conservação do acervo da Biblioteca Municipal Gabriela Mistral, inundada parcialmente em 15 de fevereiro quando a cidade foi devastada por fortes tempestades que causaram pelo menos 240 mortes, numa ação que tem descoberto peças valiosas.
“O acervo da nossa biblioteca é riquíssimo. Após resgatarmos os materiais da inundação no andar térreo, estamos trabalhando na limpeza, conservação curativa e iniciando os trabalhos de restauração. Na reorganização do acervo, acabamos realizando descobertas que estavam fora do catálogo. Em breve, tudo isso estará novamente à disposição do público”, explicou a presidente do Instituto Municipal de Cultura, Diana Iliescu, num comunicado.
Segundo a prefeitura de câmara de Petrópolis, conhecida como “cidade imperial” já que sua fundação está intimamente ligada à antiga família imperial portuguesa e brasileira, a Biblioteca Gabriela Mistral é considerada a terceira maior e mais importante do estado do Rio de Janeiro, com um acervo de 150 mil volumes.
O mapa e outras peças – como uma coleção de documentos que mostram a disputa entre Portugal e Inglaterra pela Guiana Inglesa – encantaram o historiador e professor universitário Felipe Monteiro, um dos colaboradores no trabalho de salvamento das obras.
“Soube da enchente e imaginei que o acervo geral tivesse sido atingido. O que me surpreendeu foi o acervo incomum que encontramos aqui para uma biblioteca municipal. Para mim, que sou historiador e já trabalhei com arquivos em vários lugares do país, foi surpreendente e muito gratificante poder salvar essas obras, algumas muito valiosas”, explicou Monteiro, na mesma nota.
A prefeitura de Petrópolis informou ainda acreditar que, tanto o mapa das “Guerras Guaraníticas” quanto a coleção da Guiana Inglesa, tenham sido em algum momento parte da propriedade do barão do Rio Branco, um importante diplomata brasileiro, com casa em Petrópolis.
As autoridades locais frisaram, porém, que ainda são necessárias investigações para descobrir corretamente a origem do material. Além dos materiais citados, já foram encontradas outras obras, como um mapa do continente europeu em alemão.