Xanana Gusmão deslocou-se ao hotel onde Marcelo Rebelo de Sousa está alojado e tinha acabado de chegar, em Díli, para um encontro fora da agenda prevista em que entregou ao chefe de Estado português um tais timorense, o pano tradicional oferecido a convidados especiais e reconhecido como património imaterial pela UNESCO.
“Um tais especial para um amigo especial”, disse Xanana Gusmão, pedindo que o pano fosse pendurado “na sala principal” do Presidente português.
“De um amigo muito especial. Especialíssimo”, respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois, já sentados, Marcelo Rebelo de Sousa quis ‘entrevistar’ o líder timorenses, perguntando a Xanana Gusmão sobre os 20 anos desde a restauração da independência de Timor-Leste e qual era a sua memória mais forte.
“A memória mais forte foi termos conseguido ultrapassar as cicatrizes da guerra. Depois do 20 de maio o estigma da guerra vivia ainda no espírito e no comportamento dos timorense. Entramos num ciclo de crises que criou quase 150 mil deslocados internos aqui no jardim aqui ao lado”, disse, referindo aos confrontos e tensão política de 2006.
“Uma crise que dividiu os timorenses, com violência, queimaram casas, a matar-se e até membros das forças armadas mataram membros da polícia”, explicou Xanana Gusmão.
O líder histórico timorense disse que “depois de dois anos” foi possível resolver a crise levando o país “a adotar o mote de adeus conflito, bem-vindo desenvolvimento”.
“E aí é que se conseguiu uma unidade de pensamento, sobretudo em termos de que é necessário paz para o desenvolvimento”, afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa está em Timor-Leste para participar nas cerimónias de investidura do novo Presidente, José Ramos-Horta e nas comemorações dos 20 anos da restauração da independência.