“Os residentes da região não conseguem ir até ao território controlado pela Ucrânia e a mobilidade pela região está praticamente restringida. Os ocupantes não permitem a entrada de voluntários com ajuda humanitária e saqueiam os carregamentos de bens doados”, denunciou a comissária na rede social Telegram.
De acordo com o presidente da câmara de Kherson, Igor Kolyjaev, a cidade “ficará sem medicamentos em duas semanas, não havendo mais soluções para linhas intravenosas, medicamentos para doenças cardiovasculares ou oxigénio suficiente”.
“Em todos distritos da região de Kherson, sem exceção, há uma grave falta de medicamentos”, advertiu o presidente.
Com cerca de 500.000 pessoas ainda na região, do milhão de habitantes que lá viviam antes de a guerra começar, Igor Kolyjaev contou que “nos primeiros dias da ocupação da região, os ocupantes saquearam a maioria das cadeias alimentares e farmacêuticas”, sendo que os produtos foram depois exportados para a Crimeia e para a Rússia.
O representante ucraniano denunciou ainda que os russos, como “ajuda humanitária”, distribuem produtos e medicamentos fora do prazo em troca de dados pessoais, listas de pensionistas, assistentes sociais e os nomes das pessoas que vivem numa determinada comunidade.
Denisova apelou à comissão da ONU para investigar as violações dos direitos humanos durante a invasão militar russa à Ucrânia.
A agência Ukrinform recordou que as tropas russas controlam o edifício da câmara municipal de Kherson desde 25 de Abril e que já na altura o presidente da cidade ucraniana declarou que se recusava a cooperar com a “nova administração”.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 82.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas – cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou até agora que 3.668 civis morreram e 3.896 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
Lusa