“António Guterres teve um papel fundamental, porque quando muitos diziam que ele não arriscava, não intervinha, não aparecia, ele foi dos primeiros a pronunciar-se sobre a guerra”, disse aos jornalistas Marcelo Revelo de Sousa à margem do Estoril Open.
O chefe de Estado português frisou também que o secretário-geral das Nações Unidas “acompanhou sempre a parte humanitária” e” fez diligências constantes”, tendo esperado pelo momento em que podia ter sucesso para avançar e “correu risco”.
“Logo isto mostra que atuou com prudência, com bom senso e no exercício daquilo que é o poder do secretário-geral das Nações Unidos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa sobre a visita que o secretário-geral da ONU efetuou na semana passada a Moscovo e Kiev.
Questionado se a ida de António Guterres à Ucrânia tinha contribuído para que os civis começassem a sair de Mariupol, o Presidente da República respondeu: “Na medida em que a primeira prioridade, que era humanitária e era Mariupol, tenha sucesso definitivo, e esperamos que sim, quer dizer que aquilo em que ele arriscou terá tido sucesso total, espero que seja o caso”.
Segundo o Ministério da Defesa russo, quase meia centena de civis foram retirados no sábado do reduto da fábrica Azovstal em Mariupo.
Na fábrica de Azovstal há cerca de mil civis refugiados, juntamente com cerca de 2.000 soldados ucranianos que ainda resistem aos bombardeamentos russos, havendo ainda a registar cerca de 500 feridos entre as pessoas que ali estão refugiadas.
A Rússia deu a cidade de Mariupol como "libertada" e começou a enviar tropas de Mariupol para a região de Donbass, no leste do país, de acordo com as informações veiculadas pelo Estado-Maior da Ucrânia e confirmadas também pelo Pentágono.
O Presidente russo decretou que a fábrica não deveria ser atacada, mas disse que o bloqueio às instalações teria de ser rígido ao ponto de "nem uma mosca conseguir sair".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.