“O sucesso da ofensiva russa no Sul depende do destino de Mariupol”, disse Pavlo Kyrylenko à agência francesa AFP numa entrevista por videoconferência.
Kyrylenko considerou que Mariupol, que pertence a Donetsk, é uma cidade estratégica tanto para os ucranianos, na defesa da região, como para os russos, que querem assegurar um corredor terrestre seguro entre o Donbass e a península da Crimeia, que anexaram em 2014.
“O inimigo está a concentrar todos os seus esforços em Mariupol”, disse Kyrylenko, enquanto os últimos combatentes ucranianos estão entrincheirados no enorme complexo metalúrgico Azovstal, com “até 300 civis”.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na quarta-feira que ainda havia cerca de “1.000 civis, mulheres e crianças” e "centenas de feridos" na fábrica de aço construída em 1930, na era soviética.
Na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a “libertação” de Mariupol, mas ordenou a suspensão do assalto a Azovstal, argumentando que seria demasiado pesado em termos de vidas para as tropas russas.
Putin exigiu aos militares, no entanto, o cerco do complexo industrial para que “nem uma única mosca consiga passar”.
Segundo Kyrylenko, o bombardeamento “continua em Azovstal”, cujos defensores “estão numa situação muito difícil”.
“Claro que eles estão muito cansados. Mas ainda têm algumas munições", disse.
Kyrylenko acusou ainda a Rússia de não respeitar os acordos sobre os corredores humanitários para retirar civis de Mariupol e fazer chegar ajuda à cidade.
O governador de Donetsk denunciou também que a Rússia quer “espalhar o pânico entre a população” e servir-se dos civis como “escudos humanos”.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que disse visar defender a população russófona, bem como “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
A ONU confirmou a morte de mais de 2.000 civis em quase dois meses de combates, mas tem alertado para a probabilidade de o número ser muito mais elevado.
A guerra levou mais de cinco milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, havendo ainda sete milhões de deslocados no país, segundo a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.