Falando num encontro de jovens do grupo político europeu Identidade e Democracia (ID), no qual o Chega se insere, André Ventura anunciou que o partido "hoje mesmo entregou na Assembleia da República um projeto [de lei] importantíssimo para impedir que familiares de membros do Governo possam ter negócios com o Estado".
"Esta luta sem tréguas contra a corrupção é o que nos pode dar a confiança da grande maioria dos europeus, e os europeus merecem essa luta", salientou.
Falando em Lisboa perante uma plateia de jovens de várias nacionalidades europeias, o líder do Chega considerou que este é "um assunto fundamental" para os cidadãos e defendeu que, se querem ser "a voz dessa alternativa de pessoas comuns", os partidos têm de "tocar onde dói ao sistema e aos interesses instalados".
Ventura afirmou que em Portugal o seu partido "tornou-se a grande, quase única, voz contra a corrupção", desafiando os jovens que o ouviam a elegerem este como um dos temas principais.
"A luta contra a corrupção tem que ser sempre a nossa linha fundamental", afirmou.
No final, em declarações à agência Lusa e à RTP, o presidente do Chega detalhou que o projeto de lei visa que "nenhum familiar até ao terceiro grau de um membro do Governo poderá ter negócios com o Estado, numa primeira fase dentro da tutela do próprio ministério".
Com esta iniciativa, o partido quer evitar "conflitos de interesses".
Apontando esperar que "haja abertura do Partido Socialista" na votação deste projeto de lei, o deputado apontou que "António Costa [primeiro-ministro e secretário-geral socialista] já tinha dito que queria um código de ética forte aplicável nos negócios do Governo".
De acordo com André Ventura, está a ser estudada também "a hipótese juridicamente de impedir" que "familiares de membros do Governo possam ter qualquer negócio com qualquer área do Estado, qualquer área governativa".
Na sua intervenção no encontro de jovens do ID, André Ventura criticou também que "durante demasiado tempo" as causas populares e "a rua" foram deixadas "para a esquerda".
"A rua, as causas populares são nossas e são ainda mais nossas do que da esquerda. Durante anos demais deixámo-los a dominar a comunicação social, as ruas, as universidades, as magistraturas e todos os corpos sociais importantes", salientou, acusando também estas forças políticas de "moldarem a manietarem a educação para afastar qualquer matriz cristã, para afastar qualquer matriz de normalidade".
E considerou que "as grandes batalhas do século XXI não vão ser só militares, vão ser batalhas civilizacionais, culturais, políticas".
Numa referência à segunda volta das eleições presidenciais em França, que será disputada entre o Presidente cessante, Emmanuel Macron, e a candidata da União Nacional (extrema-direita), Marine Le Pen, Ventura defendeu "é importante garantir que há uma mudança de fundo" na Europa e considerou que "é importante que Marine Le Pen vença as eleições".