"A intervenção na torre sineira tem por objetivo prolongar a vida do edifício através de boas práticas de conservação e salvaguardar a segurança de pessoas e bens através da estabilização das cantarias do ponto de vista físico-químico e estrutural", explica à Lusa a Direção Regional de Cultura (DRC).
No final de 2015, registou-se uma queda de fragmentos das cantarias existentes e, por isso, foi efetuada uma vistoria técnica especializada que recomendou uma intervenção.
As obras vão custar 193 mil euros e foram consignadas a 12 de janeiro deste ano, estando previsto um prazo de 180 dias para a execução.
A montagem de andaimes deverá acontecer já esta semana.
"A obra que vai agora ter início prevê a consolidação dos blocos em desagregação, a pregagem, colagem e injeção de argamassa de restauro, o preenchimento de juntas e vazios, o tratamento das descontinuidades das superfícies com microestucagem e a reintegração cromática, numa intervenção que vai ocorrer em seis zonas distintas", realça a DRC.
A Sé do Funchal tem um longo historial de intervenções — a construção data de meados do século XV, por ordem do rei D. Manuel — e é considerado monumento nacional, classificado em 1910.
A maior preocupação que alguma vez existiu com a torre sineira terá sido na madrugada de 01 de abril de 1748, data em que "a Madeira foi assolada por um violento terramoto, o qual vitimou algumas pessoas e causou enormes prejuízos materiais em toda a ilha", refere um estudo de Alda Pereira, historiadora e técnica superior na DRC.
"Danificou […] seriamente a torre da Sé, abrindo-lhe fendas pela altura do antigo coro. Acudiu prontamente o cabido, segurando as paredes de cantaria rija com grossos varões de ferro e entaipando com cal a janela bipartida no lado leste. Em 1881, ao serem picadas as paredes para serem rebocadas de novo, a janela foi desentaipada", pode ler-se no mesmo estudo.
Até aos dias de hoje, a torre sineira e o próprio monumento foram constantemente alvo de intervenções e a atual não oferece "risco absolutamente nenhum, no que diz respeito a colapso ou a qualquer outro tipo de consolidação", afirma o secretário regional da Economia, Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, realçando "o investimento na conservação e recuperação do património móvel" que o executivo tem feito.