Estas posições foram assumidas numa cerimónia de apresentação de cumprimentos de boas festas por parte do Governo ao Presidente da República, no Palácio de Belém, em Lisboa, a que a comunicação social afinal pôde aceder, mediante apresentação do certificado de vacinação, depois de ter sido inicialmente informada de que não poderia estar presente.
O primeiro-ministro, que foi o primeiro a discursar nesta cerimónia na Sala dos Embaixadores, afirmou ter "uma visão comum" com o Presidente da República sobre "o papel institucional dos diferentes órgãos de soberania" e o "sentido de solidariedade" entre eles.
Segundo António Costa, "nestes quase dois anos tão difíceis de pandemia esse sentido de unidade nacional de colaboração comum foi posto à prova". O primeiro-ministro realçou os sucessivos estados de emergência que o chefe de Estado "foi forçado a decretar" como nunca tinha acontecido em democracia.
"A verdade é que vivemos esse período sempre com uma enorme tranquilidade e normalidade institucional, com liberdades cívicas respeitadas, liberdades políticas respeitadas, e com uma compreensão extraordinária por parte dos nossos cidadãos", sustentou o primeiro-ministro, acrescentando: "Como o senhor Presidente da República costuma dizer, os portugueses são excecionais, e mais uma vez provaram serem excecionais".
O chefe do Governo defendeu que é preciso que todos se mantenham "focados no combate à pandemia", que se espera "menos severa, mas não menos ameaçadora", e com "a ambição de, mais do que a reconstrução, a recuperação" do país.
O Presidente da República, que interveio a seguir, concordou que "é evidente", como disse o primeiro-ministro "que houve um esforço de unidade nacional".
No seu entender, "o esforço começou, desde logo, na relação entre o Presidente da República e o Governo, e o primeiro-ministro e o Governo, continuou na relação com a Assembleia da República, sobretudo em estado de emergência", que foi decretado com "uma amplitude política notável".
"Isto não se verificou, que eu saiba, em muitos países, como não se verificou a realização de reuniões como eram as reuniões do Infarmed", observou, perante o primeiro-ministro e os ministros de Estado do XXII Governo Constitucional.
Marcelo Rebelo de Sousa subscreveu igualmente o elogio ao comportamento dos portugueses face à pandemia de covid-19, considerando que, "ao aceitarem e compreenderem militantemente a importância da vacinação, ao tomarem as precauções e durante um bom período de tempo em estado de emergência, praticamente até metade deste ano, mas mesmo fora do estado de emergência, percebendo que há precauções a tomar, facilitaram a vida".
"Mesmo quando a pandemia nos surgia com novas variantes ou novas vagas. E esta é a garantia que temos: os portugueses assumem como seu este desafio", reforçou.
O chefe de Estado relatou que na quarta-feira à noite, junto ao Palácio de Belém, encontrou uma família que "acenava de uma forma original", com "cenas de grande alegria", porque tinha ido fazer testes ao vírus da covid-19 que tiveram resultado negativo.
"Achei sintomático, porque era uma família comum, de cidadãos comuns, que começava o festejo do Natal no festejo do teste. Isto mostra como os portugueses, de facto, perceberam a mensagem. E é fundamental que continuem a perceber e a partilhar a mensagem, porque é isso que permitirá que possamos superar mais rapidamente o que estamos a viver este ano no decurso do começo do ano que vem", acrescentou.