O microbiologista disse à Lusa que os 13 casos da variante Ómicron até agora identificados em Portugal foram apontados como suspeitos pelas autoridades de saúde e por indicação da Direção-Geral de Saúde as amostras foram encaminhadas para o Instituto Ricardo Jorge.
O diagnóstico foi feito num laboratório de referência que efetuou os testes preliminares, que têm “um elevadíssimo valor preditivo e que consistem essencialmente na identificação de grupos de mutações que no seu conjunto só podem estar presentes se se tratar da variante Ómicron”, adiantou João Paulo Gomes.
“As amostras estão agora a ser sequenciadas para uma confirmação final, mas em princípio a suspeita confirmar-se-á”, sublinhou o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do novo coronavírus em Portugal,
Em termos epidemiológicos, trata-se de casos associados à SAD do Belenenses que, segundo a DGS, envolvem jogadores e pessoas de equipa técnica do Belenenses SAD e “tudo estará associado a um contacto com um deles que terá estado na África do Sul a meio do mês e terá vindo infetado”.
Ainda segundo informação da DGS, disse João Paulo Gomes, “aparentemente estão todos ou assintomáticos ou com sintomatologia muito ligeira”, o que, "apesar de ser uma amostragem, que vale o que vale, é uma boa notícia”.
O investigador salientou que o INSA irá continuar a fazer a monitorização contínua e análise de casos suspeitos para a qual recebe amostragens da rede de laboratórios.
As autoridades de saúde que estão no terreno estarão com “uma preocupação redobrada para perceber o historial de viagem de pessoas associadas à África do Sul ou países vizinhos”.
“Esses casos suspeitos são enviados para o INSA para que nós rapidamente, além da amostragem global, façamos o despiste também desses casos suspeitos e eu penso que é a abordagem correta a ter”, afirmou.
Sobre as medidas impostas para travar a transmissão da nova variante, João Paulo Gomes afirmou que “todas as medidas que apontem para uma prevenção, uma menor introdução das variantes que vão emergindo, e uma menor disseminação das mesmas são sempre positivas”.
Considerou, contudo, que pode ter havido “algum exagero” por parte de alguns países, porque se trata de uma variante do coronavírus conhecido há dois anos.
“Nós não estamos perante uma nova pandemia, um novo vírus, isto não é o SARS-CoV-3”, salientou, considerando que se a população continuar a tomar medidas de precaução, não existem “motivos para alarme”.
“Uma coisa é termos como medidas de precaução algum cuidado a nível de evitar as introduções ou tentar retardar a existência das mesmas e nessa perspetiva o bloqueio de voos de países onde esta nova variante está a crescer muito, como é o caso da áfrica do sul e todos os países vizinho, pode ter sido uma medida de facto muitíssimo positiva”, adiantou.
No entanto, acrescentou, “outros países foram muito mais à frente e de repente entraram em pânico, como o Reino Unido, e independentemente da origem dos passageiros já obrigam a um teste PCR no segundo dia, com um confinamento obrigatório em que isto vai ter um impacto enorme em termos de sociedade, em termos de economia e de cancelamento de voos não tenho dúvidas nenhumas”.
Para João Paulo Gomes, todas as medidas que possam ser tomadas para controlar a subida do número de casos, a subida do número de internamentos e toda a mortalidade a ela associada não deve ser feita em função da Ómicron, mas sim “em função de um controlo a nível da pressão do Serviço Nacional de Saúde”.